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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Força incontrolável

Deve ser deplovável a necessidade
de ligar os holofotes por vias tão tortuosas!
A cada lampejo que recebes no palco da vida,
há o outro foco de uma relação causa-efeito
que atrai a ti tantos frutos podres...


Rafael Paixão
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A poesia aprende com a vida

(Silêncio)
...poeta em semi-férias...

Causa mortis: Estafa!

Rafael Paixão
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Poesia Áurea

Com sua voz doce disseste-me que não mais!
O tempo parou! O momento perpetuou-se!
Ainda vivo aquele instante...

Mas hoje o vivo diferente de ontem!
Há mais entendimento... veio com o tempo.
Sei que me deste um presente!

A liberdade é direito de quem ama!
Hoje sou livre para amar tudo e todas...
Veja ao fundo os fogos de artifício...

Rafael Paixão
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Noite de Fantasia

Como é sã a lembrança
daquela de alegria e júbilo.
Vencemos tabus e festejamos
ao som de suspiros.

Foi uma noite santa...
Ali nascemos para outros!
Nos demos em troca de nada.

Encontrar-te e encontrar-me
em meio a nós!
Aprendemos ensinando
um a outra. Você a mim.

E tudo findou-se;
não sei se por medo
do gozo ou da felicidade!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Presto in moto

O ritmo cadenciado da vida
continua a repetir-se
sem que haja uma cardiopatia
nos compassos.

Porém, mesmo diante da
aparente monotonia,
percebe-se que tons,
novos tons, se dão.

Temos a dó de uma lágrima,
a ré de um revés,
o sol, que como maestro,
balanceia a batuta...

Cada um colabora
para a composição da vida
através de suas vidas
com todas suas notas tolas.

Toda a tolice esparsa
se une e a cada dia
faz acordes com novas
dissonâncias melódicas!

Melancólicas! Patéticas!
Tudo faz parte
da grande música.
Do tiro ao sino.

Rafael Paixão
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domingo, 9 de novembro de 2008

Roda da Vida

Os olhos claros me fitaram...
Nós nos vimos no limbo
e sonhamos um com o outro.

Fizemos da vida uma brincadeira!
Você estava nos meu braços
e eu sei que um dia estarei nos seus.

Você é parte de mim... Feito de mim!
Ainda não é matéria,
embora eu saiba que és! Em mim.

O sonho se realizará.
Um dia poderei dizer-te
que sempre sonhei contigo.

Rafael Paixão
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sábado, 8 de novembro de 2008

Minha vida. Tua vida!

Caminho em meio à multidão...
Escolhi um caminho padrão,
bem no estilo três por quatro.

Não há mudança de cena:
são os mesmos rostos
que sempre encontro.

Na verdade somos todos iguais.
Me escondo em meio a tantos
outros encontros que tenho comigo.

Todos somos um novo Acabe.

Rafael Paixão
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Águas

A chuva lava a terra
e a lágrima o peito!

Rafael Paixão
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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Lógica de fim de tarde

Percebo que tudo foi real...
Um dia houve amor verdadeiro,
mas hoje não há mais nada!

Não sobrou beijo sobre beijo...
Não podemos usar a mesma lua,
sequer podemos partilhar a cama!

Eu fui a criança que ainda sou...
Mas você queria um homem,
daqueles que hoje usam teu corpo!

Melancolia...
Tese e
Antítese.

Rafael Paixão
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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Metamorfoseada Odisséia

Os veios acumulam histórias antigas
e não prendem o tempo em teus enredos,
inevitavelmente dormentes, ao jovem amante.

Cai a noite e vem a ausência de luz,
enquanto ele deseja, no solilóquio ardente
um tanto de poesia e pensamento...

A escuridão se equilibra em tuas lágrimas
atentas ao amor que se ilumina da lembrança
e acende o dia do derradeiro encanto;

Vem a aurora, entre frestas de barro,
próximo do tempo que faz crescer a vontade
na expectativa dos doces seios amados...

Estende-se aquela sombra antiga sobre ele.
O virtuoso corpo pesa e tira o ar do amante,
que em espasmos faz com os olhos uma nova odisséia...

Rafael Paixão
Poema Registrado

Adivinhação

São...
coração
confusão
emoção
efusão

Dão...
a mão
a criação
a pensão
o tesão

Não...
ao perdão
à explosão
ao pagão
à flagelação

Pão...
macarrão
feijão
agrião
refeição

Ação...
adoração
aceitação
convenção
abdução

Incerteza
infante
corroi
peito
nu

Rafael Paixão
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Alter Space

amo.com
angústia
crio.com
medo
faço.com
silêncio
morro.com
na mão

Rafael Paixão
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Carta sem Tom

Lhe escrevo estas linhas
para que saiba
que meu coração existe...
Ele é um punhado maior
que meu punho,
pois ele transborda
do sentimento
que nutro por ti...
Outro erro!
Você quer somente um amigo!
Mais uma frutificação podre...
E a diferença do que é podre
para o que tem poder
é somente uma permutação!
Gostaria de poder frutificar...
Não sei se é amor,
mas sei que é desejo!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Sonho e sopetão

Quero me descuidar da dor!
Vou querer o que veio...
Vou tocar meu violão!
Minha alma estará em calma
e um bocado dispersa...
A nossa canção será assim,
assim ela é!
Há um bom vento norte
que sopra sobre nós
e muda as direções...
Te dou a rosa-dos-ventos
pra que ela te sopre perfume!
Desejo e saudade se confundem...
Tenho saudade de ti!
Minha nova pequena...
Onde estás?
Quem és?
(...)
A dor voltou ao poeta,
pois a pena caiu!
A realidade voltou!
Liquido aqui o sonho
para desandar
mais uma vez a felicidade!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Busca

Acho que vou embora...
Não entendo mais o que incomoda.
Vou para achar onde é que estou
e quem sabe, então procurar.

Rafael Paixão
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Poesia e sorriso... Rima e canção.

Pequenas condutas
de facetas confusas
e decisões malucas
me causam as lutas.

Gladiando só comigo
me faço o umbigo
de um cosmo em perigo
onde sou meu inimigo.

Palavras rimadas
que causam risadas
em pessoas amadas
que não foram marcadas.

O peito aperta em dor,
pois há amor-rancor
de um simples trovador
sem seu arpoador.

Rafael Paixão
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Bendito novo amor

O amor é metamorfo!
Mudanças acontecem.
São involuntárias...
Trabalham por dinheiro!

Rafael Paixão
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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Não me conhece mais...

Um arrepio põe em pé os pelos
e o amor nunca cicatriza...
Há dor que domina e alucina!
Sonho: Contigo e com outros amores.

Que haja amor
por pelo menos
um único
fim de semana.

Acho que desejo só o evidente...
Uma chance?! Um amor?!
Você?!
Desejo proibido! Me espanta o que vejo...

O olhar anda solto e se trama
em tantas tranças...
Fios que fazem passar o tempo
e mantém o desejo aceso!

É hora... Também foi hora.
A areia escoou por nossos braços
e fraquejou a fortaleza...
A partida nos partiu!

Não há nós!
Há você...
Há outros e outras...
Não hei!

Saudade...
Lágrima...
Solidão!
Luta e luto.

Rafael Paixão
Poema Registrado

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Desilusão

Hoje sonhei contigo...
Seus olhos estavam cinza,
seu beijo não tinha gosto
e tudo arrefeceu em mim!

Rafael Paixão
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domingo, 5 de outubro de 2008

Transformação evidente

Expressando o amor com suas luzes e trevas,
eternamente apaixonado e em dor
mostrando o cerne dos tocados pelo amor!
Com dor choro a partida da amada.

Paulatinamente fechado em mim mesmo
sem novas descobertas e novos valores.
Mas há uma transição que se reflete
conflitando com um velho gemido de arena.

Me alimenta o anceio pelo conhecimento
e pela conquista dos mares e do espaço...
Meus pés querem estar onde não estavam.
Que minha imaginação os conduza!

Passei, viajei e encontrei outros sentimentos,
pessoas, domínios. Me apoderei deles!
Domínio de outros me deu poder e
os dominados: acabaram-lhes. Acabaram-se.

Impossível. Não ignoro a minha importância,
coragem, desejo de liberdade, ambição...
Quero as leis do Universo! As desejo!
Dúvida: oponham-se o céu e a terra... A fé e a razão!

Dual... Elíptico! Colonial e metropolita.
Luxúria, inveja e competição... Basta!
Não me interessa o amor, mas sim o prazer!
Simples prazer... Numa paisagem bucólica...

Uma projeção dos meus conflitos emocionais.
Uma relação individualista com o subjetivo.
Uma comédia sobre a vida: A grande tragédia.
Uma representação do drama: Busca pela paz.

Rafael Paixão
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sábado, 4 de outubro de 2008

Medo perene

Tenho medo de ser um grande poeta:
"o poeta só é grande se sofrer"...
O espaço te levou... Foste!
O tempo te levou... Saudade!
Quanta grandeza!

Rafael Paixão
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Arqueologia em mim

Em busca pelo passado,
retorno a caminhos
que outrora deixei...
Ei de lidar com traças!

Rafael Paixão
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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Canção Triste

Amor...
Errante!
Vivendo
esperando.
Vivo...
Doído!
Doido
varrido.
Arrepio...
Canto!
Amo
realmente.
Presente...
Liberdade!
Simples
virtude.
Amar...
Mais!
Além
do possível.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Amor meu velho amor...

Eu: registro em meio às paixões,
aprendo com o verdadeiro amor.
Vem, me dá teu coração!
Dá-me tua boca, tua língua...
Dá-me!
Guardei tudo que tenho pra ti!
Embaixo deste ser há uma pétala de flor...
Ilusão da felicidade.
Seus cabelos então revelam outros amores,
a assim eu percebo:
Para quem ama, sempre há outros amores!

Rafael Paixão
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Pensar

De tanto pensar,
por fim entendi,
que é mais fácil
não pensar...

Rafael Paixão
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sábado, 27 de setembro de 2008

Roda Gigante (iii)

Sorriso é a sincera prece da felicidade.
Felicidade é o tempero das idéias.
Idéias são asas de todos os sonhadores.
Sonhadores são pessoas capazes de um sorriso.

Rafael Paixão
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Roda Gigante (ii)

Serenata é uma atitude musical de insanidade.
Insanidade é a fuga de agir como os outros.
Outros, sentido para solidão, são do meu céu as estrelas.
Estrelas são objetos criados para existir em serenata.

Rafael Paixão
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Roda Gigante (i)

Incredulidade é um torcicolo na fé.
Fé é a capacidade de fazer o impossível.
Impossível é aquilo que ainda não desejamos com fortaleza.
Fortaleza é manter-se de pé mesmo frente a incredulidade.

Rafael Paixão
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O fim

A sorte vem como um velho LP...
Disforme sonoridade que fascina!
Mas tenho medo do segredo
que ela vem me trazer aqui no peito.

Nem sempre aquilo que me querem
é o que desejo pra mim... em mim...
Vejo ao longe aquele vilarejo azul
no qual embaralhavamos pernas.

Mas hoje já não viajamos por aí
e assim temos uma lembrança
dos dias em que queriamos o fim...
O fim onde ia sobrar só eu e você!

Rafael Paixão
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Moinho d'água

As harpas tangiam o céu
e a verdade que tínhamos
era a mais pura mentira...
Me abrigava na briga!

Como a água, sei que o tempo corre...

Buscava encontrar-me,
porém, te perdi... E...
hoje esqueço de mim!
E vivo por você... em você!

O tempo assoreia! Cobra de mim as buscas.

Imagino onde estás,
tenho pena de mim,
tenho pena de ti!
Vivo a remoer-nos...

O tempo, senhor da vida: move o moinho...

Quero assim, com ânsia
impregnar-me de ti...
Para que - com amor -
possas cuidar novamente.

A exemplo dum rio, o tempo corre num só sentido!

Sejamos regados pelo sorriso
distante e escondido...
Cuidados nos olhares
que se cruzam em desejo.

Rafael Paixão
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Destruição...

Hoje te avistei em tua nau...
Queria saudar-te, mas não!
Tu não mereces meu aceno,
não mereces meu sorriso.

E com toda nossa arrogância
destruímos-nos nus...
Eu com tantas outras 
e tu com a falsidade.

Rafael Paixão
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sábado, 20 de setembro de 2008

Paleta de Cores

O meu asco lhe atinge...
Ele é sutil, porém enegrecido!
Nele se misturam cores
dos acontecimentos.

Há o vermelho daquelas noites,
o verde do olhar, a azul do teu mar,
o dourado do poder,
o prateado do luar em pelo...

Tantas cores misturadas que
se perderam... Nos perdemos...
Sonhos feitos juntos se realizam!
O sonho acabou, pois morreu comigo!

Rafael Paixão
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Doença

Queria vazar-lhe os olhos...
Não te odeio!
Somente não quero
que eles brilhem
ao fitar outros olhos...

Rafael Paixão
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Ânsia

O ritmo frenético da minha ansiedade
mostra a intensidade do meu desejo.
Expõe para mim e para outros a minha certeza
da distância das realizações almejadas.


Rafael Paixão
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O crime e a saudade

A dor da saudade é física...
Aperta o peito e aflige o ser.
Ela corrói o homem
e o transforma em fel.

Saudade rima com melancolia...
Saga de quem ama o nada!
Amor impossível que
alimenta a putrefação do sorriso.

Morreu a alegria de olhar este
moderno mundo que me cerca.
Sou eu que me julgo a cada dia
sofrendo a culpa que me tenho.

Rafael Paixão
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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Grades...

Olho pela janela... Há grades!
Estas grades me remetem
a um estranho paradigma:
Elas são vice e versa?

Grades que me protegem
e me aprisionam...
Grades que me mantém
longe dos outros!

Grades que mantém
os outros longe de mim!
Grades que protegem o são
e resguardam do louco...

Olho para todos os lados
e vejo as grades... às grades.
Amor... Ócio... Culpa!
Arrependimento... dor...

Não posso viver sem grades,
pois tenho medo de tudo.
Não posso continuar com grades,
pois tudo tem medo de mim.

Quão obtuso é este dilema,
que consome a razão das coisas?
Consome minhas razões...
Me consome!

Rafael Paixão
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domingo, 24 de agosto de 2008

Cognitivo

É deprimente saber que
os olhos brilham
se banhados em lágrimas...

Rafael Paixão
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Post Scriptum

Se eu morresse hoje,
gostaria que em minha lápide
escrevessem os meus:
Amou sem saber como.

Rafael Paixão
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Fim da busca...

Como é triste a sina de saber
que não existe amor para vida inteira.
A realidade ensina que existem
doces companhias das quais desfrutamos.

O amor, hoje, é um refrescante ópio
que leva gerações a manter a busca...
Parece-me cedo... Mas entendi...
Antes só os velhos eram sábios!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Questão de nome

Será culpa do meu nome
a causa aleatória
pela qual não conheço
o grande amor?

Até quando serei eu
condenado a saltitar
de paixão em paixão?
Quisera eu encontrar-te...

Rafael Paixão
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sábado, 23 de agosto de 2008

Canção Escura

Onde está o nosso lugar?
Quando passou o nosso tempo?
Meu coração só sibila...

Qual a razão para tanta distância?
Por que, sendo iguais, não somos um?
Meu coração desacautela-se...

Um dia encontrarei descanso?
Poderei um dia estancar a dor?
Meu coração pára...

Rafael Paixão
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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Confiança

Não confio em ninguém!
Eu já me traí muitas vezes.

Rafael Paixão
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terça-feira, 19 de agosto de 2008

Sentido da Vida

Viver é desenhar sem borracha!

Rafael Paixão
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Modelagem Matemática ou Aspirando pelo Quociente

Da tal união quero o bem,
da intersecção o desejo
e, nossa velha conjunção,
da divisão me sobra o resto.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Jogral em solilóquio. Tchau!

Coleciono humores
embora hajam rumores
que seja eu patético,
ou mesmo apático.

Mas quero abrir a alma
e dizer-te: Calma!
Essa é a tua leitura
feita por usura...

Sua opinião tem lado!
A sua face do dado...
Acho que quero a mim,
moldando o nosso fim.

Eu fico com o que há pra cá
e você com os de lá!
E com esta rima eu disse
tudo o que você julgou tolice.

Rafael Paixão
Poema Registrado

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Mais uma vez o tempo

Muitas vezes vejo como a arte de Monet...
Não tenho o foco perfeito!
Minhas flores são borrões,
que só fazem seu papel ao longe.

Minha vida está como um quadro,
do qual preciso me afastar
e, assim, entender o que foi feito.
Distância dos fatos e fotos...

Desenhos que parecem
carecer de mata-borrão...
Mas o que se vê, depois de tudo,
é que deveria ser tudo como é!

Falta tempo...
Estranha sensação de pintar a vida
sem ter certeza do resultado...
Sei que ela deve continuar!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Uma remota manhã

Podemos aviar os trapos.
Vamos esvaziar odres.
Quero ingá na gamela.
Coloca a cangalha!

Ruma pra cumeeira.
Está cantando a tesourinha.
Corre o calango...
Agora é so ribanceira.

Rafael Paixão
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Soneto do Sorriso

Teu rosto pueril está manchado de tinta...
Mas na verdade, foi uma tentativa
de fazer em si aquela canção de amar!
Se fosse possível entender-te.

Olharia aqueles rabiscos tortos
que misturam-se com seu sorriso
a pedir a emoção de amar!
Ah... Seria a vida suficiente?

Com emoção leria tua arte nova
com as mãos e os olhos...
Haveria então lágrimas? Suor?

Mas se a tinta daquela pintura se fosse
a canção de amar ainda ficaria em ti:
A moldura do sorriso que há em teus lábios.

Rafael Paixão
Poema Registrado

domingo, 10 de agosto de 2008

Vival

E este inverno?
Ele incuba as raízes...
Será explendida
esta primavera vindoura
na qual teremos
as flores que serão
um lampejo
dos frutos.
Alguns cairão no chão...
Depois, elas serão aquecidas
pelo sol da descoberta
que vem com o verão!
São sementes do que
tivemos para nos
fortalecer e suportar o
novo inverno.
E este inverno?

Rafael Paixão
Poema registrado

Marruá

Cala-te!
Acerca-te...
Renda-te;
e ama-me.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Memórias Póstumas de um Vivo

Penso porque entendo.
Mas pra entender...
pra te entender
eu espalho teus contos.

Faço valer o direito de toda obra.
Te quero lida.
Desejo que você
seja reconhecida
na grandeza de quem
aprendeu com
a inexatidão da entrega.

Não pensei que
diante do incerto
haveria de sua parte
uma aposta nele.

Agora que conhecemo-nos
por acaso, é certo!
Podemos brincar de conjugação
e fazer de nossos pecados
uma forma de expiação.

Rafael Paixão
Poema Registrado

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Uma face da minha humanidade insana

Eu queria poder expressar com palavras tudo o que passa na minha mente.
Tudo o que passa no meu coração!
Aprendi que em certos dias existe paz.
Aprendi também que pessoas podem ser velhos conhecidos...
Mesmo sendo novos...
Aprendi que há carinho mesmo que haja distância...
Aprendi que um sorriso pode conter um livro!
Aprendi que na pequenez há a profundidade de sentir-se feliz...
Quando os olhares se cruzam, enfim aprendi,
que é para ficarem fortes e poderem olhar para uma mesma direção...
Vi a realização de tudo que aprendera: A vida é viral!
Encerro com a inexatidão das palavras,
que nem sempre dizem tudo que deveria ser dito!!!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Ode ao fio da barba

Puta!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Apresentação Informal

Tudo não passa de amores
escondidos, encolhidos ou encardidos...
Para cada momento, cada nota torta,
para cada caso, mesmo que em seu ocaso,
há uma maneira de envergar a potência do amor!

Rafael Paixão
Poema Registrado

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ao que é perene!

Tô pensando em vc faz um bom tempo...
Na verdade tô pensando em nós!
Penso em cada instante:os mágicos,
os especiais e os cotidianos...
Penso em cada vez que te vi sorrir...
penso no dia que te ouvi chorar,
penso até em dias que hão de vir!
Não sei se posso parar o mundo...
mas se eu pudesse...
Pararia os ponteiros em um desses
dias ou noites e então ficaria aí...
Ou aqui... Tanto faz!!!
O importante seria estarmos um no outro...
O importante seria um olhar eterno...
O importante é o que é perene...
Só ele há de restar!

Rafael Paixão
Poema Registrado

domingo, 30 de março de 2008

Partida sem despedida

Com o som do motor do avião
e o coração oco pela partida,
o cachecol dança e serpenteia
fazendo alusão a morte.

Entrar naquela nave de aço
significa deixar meu mundo
e esquecer que um dia houve
neste chão dor e ódio.

A música que embala a decisão
me impulsiona a deixar tudo,
pois me trás a memória o sonho
das improváveis chances de vida.

Eis que o ronco aumenta em mim
e a paisagem passa corrida, voada!
Ao longe, embaixo, sem cores
eu vejo a minha casinha com chita.

Mas de repente, como um cogumelo
de fogo que se faz ao longe, ele pára.
O sangue pára e as artérias são veias!
Meu coração ficou em minha terra...

Rafael Paixão
Poema Registrado

sábado, 29 de março de 2008

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

FERNANDO PESSOA

segunda-feira, 24 de março de 2008

Adivinhões

- Hã, hãm...
- O que será do meu futuro?
...
...
...
...
...
...
...
O Centro de Adivinhação Dia e Noite informa:
- "Linhas ocupadas".
- "Pergunte outro dia"!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Amor de amor

Amor descartado!
Amor que mente...
Amor com tempo e
amor de incertezas.

Amor sem amor...
Amor desalmado,
amor com final.
Novo amor afinal!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Não temos como...

Quero-te por perto, mesmo que seja incerto
esperar-te com o copo cheio na mão.
Não chegas e então não me deleito,
mas me delicio com muito gelo.

Perdidos estamos em meio ao tempo
e não temos como marcar a espera.

Então te abraçarei e deixarei o copo
para que eu tenha horas em ti!
Não posso resistir a tua companhia
nem a lua branca no céu...

Perdidos estamos em meio ao tempo
e não temos como marcar a aurora.

No beijo perfeito fazemo-nos cegos
diante da realização da promessa
e sem tirar minha boca da tua
esperamos a cabeça girar.

Perdidos estamos em meio ao tempo
e não temos como marcar a respiração.

E se eu já estiver nu, que esteja em lençóis
e possa irradiar em ti tudo de mim
e então, se for o momento, faremos
o crime absolto de culpa incerta.

Perdidos estamos em meio ao tempo
e não temos como marcar a falácia,
não temos como marcar a cicatriz,
não temos como marcar a esperança,
não temos como marcar a bebida no copo,
não temos como marcar a vontade...

Rafael Paixão
Poema Registrado

sexta-feira, 21 de março de 2008

Minha mãe

Queria falar nesse poema
das coisas que sinto e senti,
mas na verdade deparei com o impossível,
pois o que queria descrever
está impresso no peito
e não tem tradução.

Como falar do seu amor
feito com doação?
E me perderia ao lembrar
de tudo que rimos e choramos juntos,
rindo dos sofrimentos
e chorando com as alegrias.

Não há palavras ou imagens!
Não posso agradecer a vida
e o empenho em me formar o caráter,
sem esquecer do ombro...
Ombro que foi meu
e de tantos outros.

Aqui escreveria um livro!
Só para contar ao mundo,
para que saibam,
as histórias dos outros, todos.
Mãe, mãezinha, seus cabelos já refletem luz
externando aquilo que seu coração sempre fez.

É doce compartilhar o fel contigo
e com que alegria partilhamos tristezas.
Nunca poderei, em canção ou poema,
expressar verdadeiramente o que penso
ao saber que por mais distante que estejamos
não há como separar nosso único coração.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Outono-inverno

Meus sentimentos fazem em mim um outono!
Eles desagregam do meu ser valores podres
e estes caem em meu entorno
para que possam fortalecer a vida.

Eles não fortalecem somente a minha vida,
mas as vidas de todos que estão em meu alcance.
Livre dos restícios do que passou e fortalecido por eles
passarei confiante por este e outros invernos.

Rafael Paixão
Poema Registrado

O que poderia ter sido de nós?

Sementes lançadas no concreto...
Mas é certo que o vento as fez brotar!
Uma safra que nunca foi engarrafada
e nem sabemos onde foram os odres.

Não havia intenção que a videira germinasse?
Qual foi o motivo de macerarmos as uvas?
Mas depois de tudo, uma mistura de acasos,
não finalizamos nossa criação.

Minha memória não me permite mais
saber em qual cave está aquele vinho
das sementes acidentais, da maceração intencional,
do envelhecimento desejado e do fim tolhido.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Quase como "batatinha quando nasce"

Quando chega o Sábado
e se intersecciona com a noite,
percebo como pode ser, vez em quando,
vazia a vida solitária.

Porém nos outros dias,
também sinto falta
de uma desconhecida (ou conhecida)
que deverá ocupar um espaço em minha vida.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Micareta

Tudo fugiu do seu lugar!
Notei que eu estou fora do meu lugar...
não sou dos que dizem o que deve ser dito,
mas sou dos que dizem.

Eu não fui capaz de transformar a vida
e fazê-la uma vidinha dentro duma caixinha.

Mas o que está sem lugar, sem espaço
ou sem vida em minha vida, está lá
e vou fazer tudo virar confete.
Vamos misturar os meus confetes e sua serpentina!

Façamos uma micareta com palavras
e idéias que não tem lugar em nós.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Nada definitivo

E pra concluir,
concluo que
uma conclusão
nunca é conclusiva.
Jamais definitiva!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Ambigüos como um umbiguo

O professor de Matemática,
dos desafios lógicos que criou,
sabe que os mais difíceis e apaixonantes
foram poemas que falam de vidas.

Rafael Paixão
Poema registrado

Os grilhões e o cautério

O pranto não apaga o fogo da paixão...
Ele excita o fole e torna rubro o cautério!
Mas ainda esperas por mim,
pois fiquei perto e tão longe de ti.

Eu sei que, haja o que houver,
esperarás por mim... Eis que viajei!
Fui para outro coração ali do lado
e você percebe minha ausência.

Essa paixão que te maltrata
me faz prisioneiro de suas lágrimas,
e por mais que queiras evitar,
um dia eu partirei do seu lado!

Meu pensamento já não está com você.
Minhas mãos nunca foram suas
e aqueles beijos foram só de cinema.
Liberta-me do teu pranto!

A paixão é um torturador lento,
que aprimora os seus meios implícitos
com o roubar do tempo que tens.
Dá-me a chave dos grilhões!

Tu manténs meu pulso preso pela prata,
e o ferro do cautério lhe fere o peito.
Vamos caminhar ao vento!
Um irá a favor e o outro contra.

Liberdade tardia e vindoura!
Cansei-me de ti, do teu respirar,
do teu olhar comprido e mendicante. Adeus!
Não ficaremos amigos. Nunca fomos!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Um poema para uma canção

A dor nada mais é que saudade!
Suas idas e vindas ferem-me...
Onde estás agora?
O que farei com a dor que me consome?

Sei que um dia não retornarás,
pois estarás para sempre com outro alguém.
E o que será da minha saudade?

A cada compasso de todas as canções
lhe faço um verso que fala de nós.
Mas ainda existimos?

São tantas perguntas...
Quem sou eu? Quem é você?
Onde vivemos felizes um dia?
Qual é a música destas linhas?

Rafael Paixão
Poema Registrado

Rios que não secam

O mar pode parecer revolto para você
e o céu pode parecer triste.
É o ritmo frenético da vida moderna
que faz uma censura silenciosa ao seu desejo.

Seus olhos estão cheios de lágrimas
que lavam a poeira em seu rosto
e irão banhar os seus pés.
Elas estão fora de si e fluem com os seus medos.

Rafael Paixão

Poema Registrado

terça-feira, 18 de março de 2008

Grüßen Vater

Nunca caminhamos juntos!
Jamais trocamos palavras
ou sequer olhares.
Tudo era pelo fincão.

Eu acompanhava o espetáculo...
Ouvia tudo e falava só,
ou aquilo que era pra ser dito.
Por fim, houve um fim.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Lembranças dos poetas da infância

Caminheiro somo,
pelo Vale andemo,
dize que rezemo
e tamém bebemo.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Frente a morte

A paixão não vence a morte...
Resta a saudade e a lembrança.
Talvez o remorso!
Só o amor ultrapassa o espaço,
ignora o tempo
e faz de cada ato um gesto insano
de quem deseja um
encontro com o incerto.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Uma causa

É só o desejo de ser transparente.
Embora com muitas luzes,
que me dão novos nuances,
mas mantém a transparência!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Lógica Fuzzy

Se "o maior cego é aquele que não quer ver",
então o maior covarde é aquele que não escreve,
pois tem medo de si mesmo
e dos cortes que o seu pensamento pode lhe fazer.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Pra bom entendedor, imagem é poesia...

Sem palavras...
somente pele e arte!
Cada qual expressando
seu infinito interior
por meio das cores
que tem e que lhe deram.
A exemplo do que é denso,
cada qual mostra algo de si,
sem que a sua essência
se dissipe e encerre.


Rafael Paixão
Poema Registrado

Quiromancia

Minhas mãos cheiram graxa,
tenho você apertada nelas e
lembro do seu sorriso
que me parecia infantil.

Na verdade toda aquela escuridão
reporta a torta intenção que tens
em me deixar naquele dia.
Não entendia sua admiração pela graxa.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Homo Demens

As cítaras se foram
e vieram as guitarras.
Uns sentiram falta das primeiras,
mas muitos já sentem das segundas.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Sem cores... Sem o preto e o branco!

Um filme velado revela
muito mais que a foto
que um dia se perdeu.
Revela que não houve
a justa preocupação
com cada momento!
Vidas veladas!

Rafael Paixão
Poema Registrado

A pata nada e o boi baba...

Só vejo na TV gueixas de ceroula,
palhaços de terno e gravata,
homens de batom e sombras
e mães que deixam os filhos.

Acabou o sonho...
Não há sequer utopia!
Será que vencemos?
A vida...
O gozo...
As luzes da ribalta!
E até o Bozo.

Não entenderá aquele que um dia não quis.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Admirável mundo novo

A emoção arrepia a barba
e em perturbações se alastra!
Velhos abrem os jornais e buscam
as oportunidades que se foram.

Homens de negócios em seus ócios.
Artistas que folheiam revistas.
Projetos tortos.
Vidas mortas.
O que fizeram?
Nada!
Passou...

Cadê o sentido pra tudo isso?
Quem desejou estes controles?
Não há crianças...
Nem fumaças!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Com o passar dos anos

Me emocionei ao flertar aquele olhar,
que era cercado por erosões
feitas pelas lágrimas e o tempo.
Benditas testemunhas da vida!

Rafael Paixão
Poema Registrado

segunda-feira, 17 de março de 2008

Outra tempestade...

Podemos brincar com o tempo...
Pois o amor não envelhece!
Há uma lanterna em minha mão
e um sorriso em seu rosto.

Podemos cavalgar em pelo!
E depois iremos às bolhas
que estão no fundo do rio.

Quem nos secará?
O frio do cume nos arrepiará!
Sem medo de nós!

Não devemos temer o céu,
pois enfim, só restará o amor.
Cantaremos por fim ao vinho
com o som do oboé...

Restarão estrelas no céu
até que o Sol as apague.
Restaremos eu e você
enquanto houver tempo!

O tempo é a chave!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Com o vento

Isso é a vida real? Ou é só fantasia?
Quero escapar da realidade!
Sem compaixão... possuo altos e baixos
E eles são do jeito que o vento soprar...

Se eu não voltar outra vez amanhã,
como se nada realmente importasse,
porque é tarde demais, chegou minha hora.

Vou encarar a verdade...
do jeito que o vento sopra!
Um palhaço... Não! Um folião!

Poupe minha vida disto...
Deixe-me ir!
Nada realmente importa.
Qualquer um pode ver.

E de qualquer forma o vento sopra...

Rafael Paixão
Poema Registrado

Um mundo à minha frente

Sem palavras frente ao mundo...
Não sei o que dizer sobre tudo o que vejo!
Como posso expressar o sentido?
Eis que o mundo fica pequeno.

Rafael Paixão
Poema Registrado

quarta-feira, 12 de março de 2008

Cegos visionários

Os céticos utópicos
não percebem diferença
entre o mundo que vivemos
e aquele que sonhamos.
Aponte.
Há pontes?

Rafael Paixão
Poema registrado

domingo, 2 de março de 2008

A roupa nova do rei

Eis o que eu lhes anuncio: É uma batalha de palavras
em meio aos cartazes que vendem e emanam destruição.
E no fim é só no seu entorno que entenderam este pormenor.
Ouça! Há lugar pra você no sistema...
Quero dizer que eles vão matar você! Entendeu o que quero dizer?
Quero dizer... Era só uma diferença de opiniões, mas francamente...
Não há nada que se possa fazer, mas tem muito disso por aí!
E quem vai negar que é este o motivo de toda briga?
Saia do caminho!
Tenho coisas em mente...
Vai querer saber o preço?
O menino que falou da roupa do rei,
que não existia, visto que o rei está nu,
morreu.

Rafael Paixão
Poema registrado

Fim do tempo

Esvaindo-se o tempo! Os momentos tornam o dia chato...
Espera que alguém ou alguma coisa lhe mostre o caminho
e cansado de deitar-se à luz do sol, fica em casa e vê a chuva
Tudo está parado e sem vida... Onde está seu coração?

Juventude e a longevidade, e hoje há tempo para pensar!
E eis que um dia você percebe que dez anos ficaram pra trás
e ninguém lhe disse quando correr. Você perdeu o tiro de largada!

Corre e corre para ver o sol, mas ele está sempre se pondo
e continuará correndo ao redor de nós para que possa se levantar
de novo atrás de você, sendo ele o mesmo de ontem e
encontrando a cada dia um você ficando mais e mais velho.

Cada ano está ficando mais curto, nunca parece haver tempo!
Os planos deram em nada ou em todo tipo de coisa...
Não permaneça apático ao carrocel de sucessões rítmicas,
nem se consuma em um desespero quieto. Há mais o que dizer!

Rafael Paixão
Poema registrado

sábado, 1 de março de 2008

Ao usuário

Não tenha medo de importar-se!
Mesmo que você parta, não me deixe
pois muito de você vive aqui em mim,
haverá sorrisos e cairão lágrimas.
É tudo o que sua vida sempre será...
Vida solta por aí ou presa aqui comigo.

Cave uma cova, esqueça-se da partida,
e afinal, quando o trabalho estiver pronto,
não se acomode, é hora de cavar mais uma!
Deixa se levar pela maré, que vem e vai;
e equilibrado na maior das ondas,
corre em direção a uma cova precoce.

Rafael Paixão
Poema registrado

Teofania

É pela humanidade que devemos
compreender a divindade,
pois somos imagem e semelhança da mesma;
assim, sendo ela invisível, somos,
por seu desejo, sua expressão.

O entendimento do Divino
se dará depois que
construirmos a humanidade!
Que possamos assimilar
que somos teofania.

Rafael Paixão
Poema registrado

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Aos de fora

Silêncio!
Não direi nada...
As palavras maltratam.
Eles não têm desconfiômetro?

A eles somente o meu silêncio!
Não gastarei os versos...
Eu ficarei calado.
Já foram?

Rafael Paixão
Poema Registrado

Da concha ao vento!

Já vivi em uma concha
e me escondi do mundo.
Mas que agora ele saiba
o que há dentro de mim!

Rafael Paixão
Poema registrado

Vida que os tens

Balada,
pegar as minas,
dar um rolê,
fumar um,
beber vinte e dois,
fazer a três,
vomitar de quatro,
sair com cinco,
dormir às seis,
pintar o sete,
e acabou a conta!
Esqueceu,
babou,
brochou e
morreu!
Pobre é o
homo futilis!

Rafael Paixão
Poema registrado

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Limeriques e piquescondes

Um poeta quando faz um limerique
convida palavras para um piquenique.
Já meu eu, pequeno maltrapilho, malemá
as convida pra pão seco e um cado de chá.

Rafael Paixão
Poema Registrado

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Mais um pacotinho...

Rapidinhos!

Toda porta
esconde algo, por mais óbvio que isso pareça. Nunca se sabe!

Se tudo
é questão de tempo, então quebremos os relógios e encontremos todas as respostas.

Com a
morte e o passar dos anos, até o mais triste dos homens acaba sorrindo.

A existência
nos surpreende por sua composição inebriante de cores.

O coração do homem se corrompe com seus desejos.

Voar não requer asas, mas sim conhecimento!

Se a luz dos olhos se apagou, então o fogo do desejo extinguiu.

Todo desconforto humano é criado pela sede contínua que temos por mais, porém é certo que não se vive sem água. Refrescante dilema...

A família um dia foi célula mater da sociedade, mas em uma mutação tornou-se causa mortis! Ave Caesar!

As vezes o tuiuiu vai tomá água! Em todas as outras... Pobre daquele que é tuiuiu.

Rafael Paixão
Registrados

Drops de canela e gengibre

Estes são uns rapidinhos

A estética
da vida consiste em enxergar além do próprio umbigo.

Não quero ser sempre um papel higiênico, pois além de lágrimas ele enxuga outras coisas.

Um sorriso amarelo indica mais que falta de escovação!

A revolta é uma das faces da insatisfação, uma outra é a mansidão.

A clareza do que dizes é resultado da reta intenção que tens em ensinar.

Gostaria de construir a união entre os que me cercam para que pudéssemos lançar bases para a humanidade, pois ela ainda não existe.

O simples ato de respirar mostra que tudo por aqui é ação e reação.

O meu peito aperta quando há muito coração ou quando ele me falta.

Dizem que a beleza não põe a mesa, e é verdade! Porém nos fúteis dias de hoje, solucionaram a questão com toda espécie de delivery.

O ato laborativo contemporâneo perde o sentido e gera mal-estar quando o ser humano permite que o invistam com a antiga condição taylorista. O homem foi feito para criar!

Rafael Paixão
Registrados

Re-volver

Tenho um desejo linfático
de uma revolução de Homero!
Daquela com reis e bobos.

De um quero ver a glória,
o sorriso da multidão.
Do outro quero ver o equilíbrio,
mesmo que algo caia.

Deveria ter heróis e vilões
que se confundiriam na batalha.
Lança e susto. Dar, dor e doar.

Uma revolução que muda a vida!
A uns ela fará morte,
para outros haverá uma vitrine.
Pode ser que alguns retornarão.

Rafael Paixão
Poema Registrado

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Tic tempo tac

O ensinamento que os anos deixam

é a urgência de estar presente.

Todo o resto é conseqüência

ou uma mera ilusão desgastada.


Não que esteja a filosofar

mas na verdade tudo muda.

Em vários momentos deste ano

as coisas que me cercam mudaram.


Estar presente plenamente

é única justificativa para trabalhar loucamente,

juntar dinheiro, fazer um projeto,

discutir uma idéia, brigar com alguém.


Recociliar-se: consigo e com outros!

Todas estas tarefas desgastantes que implicam

em estar vivo e relacionando-se com o mundo.

O futuro, o legado e o amor são conseqüências.


Minha busca é estar presente.

Eu, que passava a vida olhando pra frente

e correndo atrás, noites em claro pensando

no que pode dar errado.


Discussões entre eu e eu mesmo

sobre o que é certo, o que eu deveria ter feito.

Muito tempo esperando o tempo certo,

muito tempo deixando para depois.


Quando for o tempo.

Não é simples.

Agora reflito olhando o passado,

que é o que sei fazer.


Rafael Paixão

Poema Registrado

Patroccinare

Coisa louca essa de pedir patrocínio à escola!

Por fim é um horror...

Veja bem, professores que trabalham por um prato feito?

Paguem direito e deixe que eles escolham onde comer!


Rafael Paixão

Poema Registrado

Tempestade Cerebral

Um pouco de tudo em minha mente!

E por isto mesmo, talvez, pouco a desenvolver.

Mas, enfim.

Estou sentado olhando um besouro na parede.

Qual a diferença entre eu e o besouro?

A diferença primordial, além dos cascos e as patas a mais,

é que ele não se indaga sobre o sentido da vida

e por que precisa continuar vivendo.

Ele simplesmente sobrevive!

O que eu fiz do meu hoje?

Bem, continuei sem entender o sentido da minha vida,

mas saquei qual é a do besouro.


Rafael Paixão

Poema Registrado

Neve e Dor

Uma voz se une aos pássaros

e triste percebe a chegada da neve

que leva uns para longe

e a outros prende em ferros.


Para os pequeninos há fome

e aos outros resta uma dor.

Levanta vôo e assim some

deixando para trás o sofredor.


Fica preso em teu mundo

e lembra do canto alegre!

Escuta seu entorno mudo

sem que a solidão o integre


Rafael Paixão

Poema Registrado

Pontes

Vamos construir pontes!

Que estas liguem os homens

e construam as gentes.

Lancemos, pois os germens.


Rafael Paixão

Poema Registrado

Sem luzes

O choro embebe a palavra da alma

de quem um dia perdeu um amor.

E aquela essência que um dia foi alva

se torna a negra morada do sofredor.


Rafael Paixão

Poema Registrado

Para sempre

Era um tempo longínquo e

havia amor entre os jovens

e a alegria nas vielas e praças

dentro daquelas muralhas.


Flores nas janelas!

Serenatas nas madrugadas!

Canções nas tavernas e

flautas faziam melodias novas.


Lá também havia dor

que era causada pelo desprezo

de quem não correspondia o amor.


E nessa terra distante

separada de nós pelos séculos

restava ao amante a espada e a honra.


Rafael Paixão

Poema Registrado

Barulho do vento

Doçura em minha alma!

como é grande a alegria

do homem que ama

e é amado, mesmo que em segredo!


Na verdade tudo converge

e leva pessoas e coisas

a conspirarem por ele.

Eu sinto a harmonia!


Sei quando pensas em mim,

quando passa as noites lembrando...

É tudo questão de tempo!


Que o vento soprado do mar

dissipe a distância em nós

e faça uno os corações.


Rafael Paixão

Poema Registrado

Nosso Chão

Este chão que pisamos é ao certo o palco denso de uma tradição que não tem começo. Não se sabe ao certo quando e como toda nossa narrativa principiou. O que sabemos bem é o que vemos hoje: moluscos, bronze de plástico, devassos no púlpito, broncos lecionam, avante com os peculatos, pois não há espaço para trancafiar tantos rapineiros. A atitude de hoje é a exaltação do sonho de ontem e os devaneios com a utopia do amanhã.

Este chão já viu a corrida da anta seguida pelo índio, já foi rasgado pela mata do pau vermelho, já viu o facão dos ratoneiros sem pátria, foi golpeado pela quedas das árvores, foi regado por garapa, sentiu o aroma do café, levou merda de vaca na cara, bebeu leite, chorume e misturas fabris. Mas ele viu mais e verá! Mesmo que não estejamos mais por aqui ele verá o que faremos da Terra e como tramaremos o nosso fim.

Talvez neste tempo eminente ele já não reaja à reposição hormonal e será estéril, sem condição de dar a vida... Então a vida dormirá sobre ele e este chão, morto por nós, e reposto por nossa morte ressuscitará e tornará a produzir o fruto cobiçando para que a natureza não se engane e que novos índios venham novamente correr atrás das púberes antas.

Rafael Paixão

Crônica Registrada

Longo

Foi um descuido meu

aquele olhar denotado

que te fez aceitar

uma aventura breve.


Começou assim e

terminou assado.

Casual, informal, carnal.


Foi um lance que

não sei porque

esticou-se, prolongou-se e durou

mais que devia.


O tempo fez aconchego

e em meio ao deleite

houve uma bucólica miopia.


Rafael Paixão

Poema Registrado

Foi deveras medieval

Que o sentinela baixe a ponte!

E o lanceiro envie as setas...

Foi assim comigo!

Ao ver o portão aberto

cri num coração anfitrião

que ordenou uma sentença

injusta: os dardos me tirassem

a esperança sem pena!


Rafael Paixão

Poema Registrado

Ode à morte

Fujam cães! Afastem-se rosas fubanas...

Hoje hei de me remir do ontem

e não permitirei que uns e quanto

menos as outras lambam minha boca.


Minha redenção vem de dentro,

eu a escolho e pratico!

Não voltarei ao álcool e ao perfume.

Quero outra vida que não tenho.

Uma vida alheia que não encontro,

não sonhei, não procuro. Não!


Chega de boemia e colo farto!

Quero me encaminhar à retidão

e assim fazer planos eternos!

A vazão desta minha vida é a morte...


Rafael Paixão

Poema Registrado

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Pronomial

Designe alguém para amar.

Faça o bem para outrem.

Compartilhe algo.

O mundo é de todos!

A decisão é de muitos!

Há poder para alguns!

A bondade enlaça poucos!

Não há quietude para ninguém...

Rafael Paixão

Poema registrado

Marcas de minha vida

Minha tatuagem se fez sem sangue.

Porém houve em mim um padecimento

Que nasceu em meio às sombras.

A árvore do desprezo cresceu em nosso quintal,

Foi a minha vista que ela avolumou-se

E sem perceber roubou-me o valor que tinha.

Deixei de ser caro para o teu viver.

Tornei-me um estranho para aquela que amo!

Você se amedronta! Tem medo de nós...

Isso só aconteceu porque houve sombras.

Não tive forças para cortá-la. Que angústia!

Que a marca que ficou em mim me recorde

A necessidade que tenho do teu amor

E a vontade de mostrar-lhe meu estigma.

Rafael Paixão

Poema registrado

Moldes e formas

Como serei do jeito que você quer? É desumano!

Nunca! Não é possível, pois tenho que ser o que sou,

ou pelo menos ser aquele no qual vou transformando-me.

É comum que sucessão dos dias nos retoque, porém

o tempo, que um dia foi senhor, não nos molda.

Não serei molde de ninguém. Nem daquela que amo!

Rafael Paixão

Poema registrado

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Canção

Em um dia de chuva fina
eu peguei o meu violão
e ele me ensinou uma
canção que falava de ti.

Parecia mui claro
que ao me falar de amor
ele em meu colo fazia
o que um dia fizeste também.

Ó grande e malfadada
descoberta a minha!
Aprender a brincar coa'música
recortando e colando palavras.

Estes doces poemas cantados
me fazem sofrer outra vez
a dor daquele dia cinza
quando partiste de mim.

Ai. É a minha dor!
Saudade é um tesouro...
Mas eu fico com o violão,
o coração e a canção.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Idas e retornos

Com a emoção da viagem
vem o prazer de descobrir
novos e antigos recantos
nos quais me encontro.

Com os novos aprendo
a maravilha da vida:
ela desabrocha sempre
e se refaz a cada tempo.

Com os velhos eu concluo
que mesmo perante o marasmo
do tempo existe sentido.
A memória que mata a saudade.

Um novo velho de longe,
recém chegado aos sessenta,
me disse num dia que
alegria tem aquele que viu
a Terra girar, o fogo dançar
e o amor destruir.

Rafael Paixão
Poema Registrado

A paisagem

Eu via uma paisagem
com uma montanha
e graciosos sítios
no entorno do seu sopé.

Havia um céu azul
que refletia em tudo
a sua melancolia.

Esta paisagem bela
me enchia os olhos
e eles transbordavam
regando o rosto.

A montanha por sua vez,
via o olhar distante
com brilho de esperança.

Rafael Paixão
Poema Registrado

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Minha Loucura

Donde vem a minha loucura? Como fiquei assim?
Sei que é isto que queres saber!
Mas para responder-te preciso de um auxílio
da linha do tempo que nos levará a outro dia.

Vivia eu sem perceber minha própria presença
até que um dia pela primeira vez encontrei um espelho.
Nele eu olhei e vi alguém ali... Nunca o vira antes!
Mas por meio de uma pueril geometria compreendi.

Ali naquele pedaço de vidro estava eu!
Não poderia mais mentir de mim para mim...
Exclamei então sem ar: Encontrei-me!
Eis diante de mim a imagem do meu eu!

Saí para a rua em festa! Corria e saltava!
Encontrei-me! Sei quem sou!
Gritava o neo-revelado eu dentre os passantes.
Uns riam de mim, alguns gostavam e outros fugiam.

Com minha alegria indescritível continuei a correr
até que jovens aprendizes em coro uníssono
assim que viram o meu contentamento gritaram:
Um louco! Vejam o louco!

Mas o vento já havia me despenteado o cabelo,
o sol havia rosado a minha face,
e eu era diferente de todos demais citadinos...
Prenderam-me e seguiram maltratos.

Ali na prisão sem paredes quase enlouqueci verdadeiramente,
Mas guardando a liberdade a antiga loucura, minha loucura
encarei a solidão como liberdade e os dias como esperança.
Foi assim que me tornei louco. Louco pela vida. Tornei-me eu.

A desigualdade aparente com o tempo amainou-se
e depois de conquistar a confiança dos ditos normais
disseram que eu estava livre e poderia partir.
Era tarde... Eu me apaixonara pelo meu louco!!!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Prisão ao perfume

Olhei de um lado e depois
espiei para o outro...
Já não me controlava
e minhas idéias eram soltas.

Parecia tudo escuro e sem medo.
Pulei o muro baixo e caminhei
naquela grama verde
que me levava à rosa.

Eu estava a voar... Tonto!
Era o cheiro daquela
que estava diante de mim.

Roubei-a pelo seu perfume...
Eu a coloquei numa caixa!
Na verdade queria aprisionar-te!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Minha alegria

Por aqui o ar anda parado,
perdeu a vontade de correr
e não balança mais tuas tranças!
Como tudo ficou triste.

Então eu te peço amor meu:
Rodopia! Abre os braços e roda.
Assim as tuas tranças remoinham
e com o balanço trazem meu sorriso.

Que bom é poder ver você por mim
que roda qual o meu pião de outrora.
Você se dá sem medo da queda!
E é por isso que te amo moça...

Ainda lembro de tuas cirandas
que me antecipavam teu amor!
Seu vestido branco levantado e
eu admirado olhando teu quadril.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Soneto do meu Sertão

Empunharei a minha rabeca
o com dó eu hei de dizê
que de carqué hora em diante
eu serei cego pelo sol.

Num vim de lá por causa de si!
O que mi'ncanta é a luz
que tem consigo um calorinho
que acarinha a pele.

Cê nunca há de se minha ré!
Num é tua curpa o meu desejo
de vorta acá pra cantá.

Nesse sertão o povo fá'zueira
e dibaxo do lumieiro
escuta minh'alma em canção.

Rafael Paixão
Poema Registrado

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O meu amor

O meu amor tem vida
de natureza exótica.
Vem nele uma porção
de sagrado e de calor.

Um sentimento nu
de prazer sem culpa.
Tentação de compor
com cores puras.

Tem fascínio universal
por todos os gostos.
O meu amor oferta
um pouco mim com ele.

Quem aceita o meu amor
tem que prever consigo
a presença íntima
do meu eu fascinado.

Ei de estar cativado
por aquela que tiver
no coração o meu amor.
Tenha-me! Ama-me!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Vinho e lábios

Ainda sinto o aroma do vinho em tua boca.
Me inebria a proximidade dos nossos rostos.
O perfume do bouquet do vinho da tua boca
tem insanidade, perigo e inconveniência.

Como é insensata a embriaguez dos sentidos
e o convite que me faz esta fragância do beijo.
O meu olfato não pode mais decifrar teu vinho
e então eu quero sentir o teu gosto e teu corpo.

Provei o teu gosto e te senti entre meus dentes,
minhas pernas tremeram com teu teor macio
e senti como é forte o calor do teu abraço.
Com aquele beijo o teu vinho transbordou em mim.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Barraco Escuro

Era pagável em qualquer agência bancária,
mas acontece que passou o vencimento.
Meus filhos pequenos ficaram em casa
e não têm o que colocar na panela.
Este é o motivo da falta do gás de cozinha.
Gás pra quê? Mas o que faremos sem luz?
Ela sim tem serventia pra quem tem fome!

Precisamos dela... Onde posso pagar isso?
"Deixe pra lá mulher! Compre comida!"
Não posso... Diz o que meus filhos farão?
Sem a luz seu moço, não dá! Eu não poderei
manda-los apagar o interruptor e virar pro canto.
Moço, é melhor dormir pra esquecer a fome!
E ao acordarem que comecem a dormir de novo.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Terna infância que nos falta

meninos se despojaram na lama
e com uma bagatela de combinações
se fizeram donos dum mundo rude
em sua aparência rubra e disforme
e perfeitamente equitativo e político
de leis simples e sem registro
onde havia concórdia verdadeira
e batalhas só mesmo de brincadeira
como em tudo aquilo que é obra
das mãos encardidas dos meninos

Rafael Paixão
Poema Registrado

Para dar condição

Você pode ajudar!
Agregue valor nestas
obras terrenas.

Com devotamento,
a cada dia comprido,
forme o novo.

Se não puder
formar de novo,
então mude.

Talvez mudando
haja a chance
de acautelar.

Faça
sua
parte!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Pássaro de inverno

Lembrei-me daquela languida manhã de terça-feira.
Sei que era um mês de maio tão melancólico e raro,
contudo as palavras tinham perdido o seu efeito
e o frio inverno se aproximou fazendo manchetes.

As folhas da alameda caíram fazendos desenhos,
o andarilho parou o coração e o caminho,
a neve branqueou o pampa e as mentes acinzentadas.
E por fim acabou-se...

Com letras garrafais houve aquela frase amarga
em que você dizia que não haveria mais poesia em nós.
O cansaço abateu em meu verso e cessou. Era sua a razão?
Você se virou, foi caminhando e cresceu um abismo.

Como um pássaro novo no ninho eu olhei para baixo
e tive fé na força trêmula das minhas asas mal formadas.
Saltei e com desespero da puberdade aticei minhas plumas
que só conseguiram levar-me as nuvens feitas de couve-flor.

Rafael Paixão
Poema Registrado

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Medo, noite e por fim a aurora

Descança o medo que há em mim...
Esquece-me já que é lua nova!
Escura é a noite em mim...
Descança! Não me acorde!
É melhor estar entorpecido!

Um dia haverá lua cheia
e esta noite se fará clara.
Só então poderá haver aurora,
pois com a lua no céu
ei de saber onde nascerá o sol.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Com lápis-de-cor

Eu, que me chamei poeta, conheci uma flor azul.
Inicialmente não vi nela valor, de tão sem graça!
Mas de tanto olhar eu vi que ela era singular.
Então nós fitamo-nos no ar em melodia e
nos apaixonamos... Foi assim que me fiz mel!

Eu me fiz resultado dela... Mas havia a abelha!
Ela machucava a minha flor pra poder me existir.
Como foi difícil tomar a decisão de poupa-la...
Num beijo meu eu disse que ia deixar de ser
e ela ia ter de mim só a lembrança da doçura.

Não chores minha flor! Não busque em ti razões!
Você foi a origem de minha essência e
eu não poderia lhe ver sofrer por mim...
Sobe na roda gigante da vida, põe uma blusa de lã,
sorria, sinta um abraço do sol e sinta-me.

Guarda-me contigo... Esconde-me em ti...
Em num gesto involuntário suspira e me pinta,
usa a caixa de lápis-de-cor que te dei ontem.
O mel não se faz sem flor... Sem sua flor!
Já a flor pode ser faceira mesmo que não haja mel.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Que tenha mais confete e serpentina, bola e rede, abóbora e mandioca! Um novo modelo para o antigo pão e circo...

Em volta duma mesa velhos e moços lebram o que já foi e a verdade aborrece. Sabe-se que quem lembra já viu ou ouviu dizer aquilo que foi, ou seja, é testemunha do ontem e de sua falácias, pois aquelas imagens são forjadas... Nada foi como contam! Não houve tanto brilho e brancura. Havia fome, dor, pobreza e saudade.
Os velhos e os moços de ontem e de hoje lembram de tudo o que passou mas não entendem. Não entedem a colônia que se fez por ordem e para o progresso de outros, os navios negreiros comandados por mulatos, as revoltas abafadas pela força da coroa e a morte do jovem inconfidente que virou herói porque não teve tempo pra fugir. É a única indepêndencia de pai para filho! Tudo é objeto para uma memória que faz embebida em cachaça, samba e futebol.
Agora a mesa, aquela mesa, já é tamborim e cadencia a canção na qual a mãe gentil embala os seus filhos e lhe conta histórias, ou melhor, contos! São contos de uma terra infante que é de toda cor, raça, canto, conto, sabor e aroma.
Enfim, a lembrança do que já foi, ou dizem que foi, corre pelas veias de gente de todas as idades e espalha a doce utopia: um dia houve um berço esplêndido!

Rafael Paixão
Crônica Registrada

Sobre meninos e drogas...

O lustre está cheio de insetos.
Todos eles morreram buscando luz.
Todavia a encontraram junto a morte,
mas outros ainda rondam o lustre...

Rafael Paixão
Poema Registrado

Nomenclatura

Encontrei uma razão
e sei que ela é imprópria.
Isso só pode levar-me
a algo maior que um!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Lógica

Caminhar implica ação,
agir dispende vontade,
querer vem do desejo
e desejar é humano.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Cancioneiro da boa mãe

Ai Deus! Valei-me!
Portugal se mudou-se.
O Tejo não está mais lá!
Foi levado também.

Não há mais nada trás-dos-montes
e em cima da serra só uma estrela.
Quem pensou nisso tudo?
Alguém requereu a sua herança?

Pobres andorinhas sem praças.
Bem, os pastéis irão pra Belém.
Haverão tantas gemas sem destino!

Se mudou-se... Nudou-se delas!
Ficou roto aos olhos dos outros...
Donde estás? Qual é teu lugar?

Agora, esfacelado, tem um pedaço dado
pra cada canto do mundo. Ai Deus!
Ó Reino Sacro! Império Tropical!
Tu foste global! Transcultural...

Não terão mais canções d'amor,
pois o acordeão rasgou o fole.
Triste será o fardo do teu fado...
Será absorto por tambores!

Ai Deus! Valei-me! Donde estás?
Cadê os bocados continentais?
Até o Açores partiu!

E da Madeira, ó paraíso,
não me sobrou nem o vinho...
Atirarei os calix ao mar.

Douro tu banharás a África?
Ai Minho... Não chores!
O Guadiana desertou e
voltou para a Espanha.

Ai Ria de Aveiro que dor a minha!
Não irei mais comer nem
uma vez, com os pés no Vouga
o teu legítimo tucunaré.

Portugal se mudou-se!
Na Aldeia espalhou-se
e se ditribuiu. Que lindo
ó puta que nos pariu!

Rafael Paixão
Poema Registrado

O que eu escrevo?

Quero escrever!
Não sei o que...
O que sinto?
Algo que penso?
Como o mundo é insano!
Agora sou um louco.
Quero fazer tudo!
Mas onde?
Aqui! Aqui mesmo...
Perdi a coragem;
virei um covarde.
Tenho medo!
De tudo...
Onde está meu pai?
Não veio...
Sou um órfão.
Agora só imagino lágrimas...
Me estendi!
Eu passei dos limites!
Sou agora um censurador.
Não quero que publique!
Pare de ler este texto!
O que é isso?
Sou rebelde!
Faço amor.
Me droguei...
E agora?
Borboletas...
Cachoeiras!
Florestas.
Flores...
Uma falsa paz!
Me transformei!
Quero entender.
Como?
Psicólogo!
Mas não entendo.
Sou aluno...
O que?
Entendi!
Escrevo de tudo.
Tá certo fessor?
Valeu!
Opa, cresci de novo...
Que revolta!
Adolesci!
O que eu vou ser?
Quem eu vou ser?
Ser!
Eu quero ser!
Com tudo que escrevo.
Pai.
Mãe!
Filho...
Poeta.
Boêmio...
Garoto!
Menininho...
Amante.
Amor!
Que eu seja...
Seja tudo!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Escondimento

No balanço das folhas verdes
está escondido o vento.
Com o ondular do lago azul
tem oculto um corimbatá maroto.

Em pintas coloridas da vegetação
vive discreta a meiga joaninha.
Permeado aos galhos emaranhados
ergue os olhos o louva-deus.

Como nos é importante cada um deles,
mesmo que seja desapercebida
sua passagem pelas nossas vidas.

Uma cor alegre, um salto que culmina
em um mergulho que inveja o desenhista.
O cabelo afagado e a pele arrepiada.

Quem sou eu? A asa da joaninha?
Ou sou as mãos do louva-deus?
Estou perturbando a tranqüilidade do lago?
Penteio os espessos cabelos dourados?
Não importa... Sei que sou algo!
Talvez alguém que pensa.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Uma vida

O ser vivo
Nasce, cresce, reproduz e morre.
Que infeliz a vida:
acaba em morte.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Vira-Gira

O mundo vira!
O bêbado gira...
Beberei!
O mundo há de parar!?

Rafael Paixão
Poema Registrado

A pedra do Drummond

No meio do caminho havia uma pedra!
Que faz aí esta pedra? Quem sois? O que és?
Uma pedra pode me fazer desistir?
Irei deixar meu propósito por tua causa?

Não esperarei a tua partida...
Teu tempo não é o meu!
Sei que não gosto da espera.

Vou contornar-te pedra desconhecida.
Não! Poderão haver outros nesta via.
Acabou a busca por respostas!
Num chute a pedra sumiu. Eis meu caminho!

Não meditarei mais sobre a pedra...
Não quero mais saber sua geologia
quanto menos sua metáfora!

Rafael Paixão
Poema Registrado

No alto da ladeira

Que encanto me trás a ladeira! De cima eu a olho.
Suas pedras irregulares escondem a terra vermelha
e lembram-me que em mim há cascas que escondem
a lágrima, a dor, a saudade, a morte, o erro e mais...

Porém eu entendi que não posso viver sem o meu cascalho.
É uma profecia! Sem ele você não chegará no alto...
Por que eu subi a ladeira e fiquei esperando por você?
Deveria eu ter te buscado e encontrado no largo...

O tempo passou e eu não sei mais descer a ladeira.
Esqueci como descer e você não quer subir...
Sei que você me vê daí onde está, mas não quer!
Então ao menos diga se queres que eu me atire em ti.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Trovas no Vale

Tem som de viola em ponteio.
Oh trovador das bestas estafadas,
que cruza as montanhas e conta,
canta e chora os causos seus.

Que grandioso é o amor caminhante,
guardando a saudade sob o sol e o luar.
Trovador que faz a folia e o regozijo
dos ouvintes ao cantar sua vida.

Lágrimas e apertos estão na fogueira,
os vultos correm aqui e ali em cadência
sincronizada com a dança do fogo
que é embalada pelo sopro do vento.

Que um dia as dobras e o horizonte
destas terras de passagem lhe mostrem
ao menos a silueta formosa de sua inspiração.
Possa o trovador reencontrar seu amor.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Caprichos

O que será de mim?
Como se dará a minha existência?
Como são duros os caprichos da vida...
Será que a grandeza do amor vem da tristeza?

Eis que meu coração se indaga sobre a distância...
Tenho que construir a minha estrada,
carregar pedras que um dia levei
e não vês meu suor!

Hoje, em especial hoje, sofri!
Eu encontrei você aqui em mim.
É certo que não a vejo nem sinto mais.

Malditos erros meus que lhe assombram
e que lhe mantem longe de mim.
E até quando estes caprichos?

Rafael Paixão
Poema Registrado

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Austeridade

O austero enfrenta-se e assume as suas fraquezas,
com elas sempre esbarroa e nunca lamenta a pugna.
A austeridade lhe serve de abrigo até na tristeza,
pois mesmo com violência ele há de vencer-se.

Rafael Paixão
Poema Registrado

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Colóquio íntimo

As luzes e as trevas,

com demasiado ânimo

entre si discutiam e disputavam

como proceder a vida.


Uma fé e a outra descrença.

Uma amor e a outra mágoa.

Uma responsabilidade e a outra corrupção.

Uma verde e a outra negra.


Graça e pecado.

Esperança e ilusão.

Compromisso e fome.

Melhorar e destruir.


Sem consenso continuavam

num desgaste titânico.

Uma puxa e outra empurra.

Outra junta e uma espalha.


Divino e animalesco.

Sorriso e lágrimas.

Humano e esperto.

Renovador e destruidor.


Que bom seria se ambas,

com o equilíbrio em mãos,

deixassem a cada homem

aquilo que Deus nos deu:

liberdade de escolha!

Sejamos elípticos... Tenhamos dois focos!


Rafael Paixão

Poema registrado

Entender o infinitivo

O que farei amanhã de manhã?

Depois de contar, chorar, mentir, pasmar,

iludir, agarrar, usar, sentir,

olhar, calar, andar sem despedir.



Rafael Paixão

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Amor aos XXI

Vou desfragmentar você!

Pois ocupa em mim porções

de maneira desordenada.

Onde te coloquei?


Em meu tato há toques

que ainda trazem ar em mim.

Em minha mão eu sinto a sua

e lhe guio. Lhe formo.


Te fiz pra mim. Moldei.

Você até tinha formas

mas as suas janelas

não tinham luz, mesmo

que suas cálidas pálpebras

se abrissem para ver.


Minha língua tem seu gosto

que é doce e feminino.

Enganadas minhas coxas

lhe tateiam, ou melhor, se tateiam,

está ocupada! Você tem outras coxas.

Aqui nós erramos. Aqui o amor supurou.


Eis que cedo aprendi: meu.

Ainda mais cedo, que espanto, você decidiu

e sem dominar os gêneros possessivos

largou a sua terra e passado.


Quanto ao teu rosto

dele eu não me lembro.

Se perdeu por prioridade!

Ele nunca me encantou.


Vou juntar você em mim

e lhe colocar toda em um monte.

Mas ainda hei de guardar aqui

como foi triste nosso caminhar.


Rafael Paixão

Poema registrado

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Pedagogia Infantil

Quando uma mãe não tem
bastante força de vontade
para disciplinar os filhos,
chama a sua fraqueza
de "pedagogia infantil".

Rafael Paixão
Poema registrado

Saudade

É linda a felicidade.
Mas passa tão fugida!
Bendita seja a saudade
que dura pra toda vida!

Rafael Paixão
Poema registrado

Uma intenção do canto

Canta! E com o som do canto voa!
Não que esteja com anseios de Ícaro.
A verdade é que o canto faz estrada
e ela não pode estar presa ao chão.

Para quem canta voar é efeito,
e surpreendente é o resultado da causa.
Seja ele de fazer agrado ao ouvido
ou somente para embebedar o seu artífice.

Quem canta mostra na melodia
que a voz tem humor e sentimento.
E o seqüênciar de tons e timbres
diz a dor: tu não podes voar!

Rafael Paixão
Poema registrado

Minha Poesia

Minha poesia não conta tempo!
Ela nada tem com as rimas!
Nunca me percebo envolvido
ou atrapalhado por métrica ou fonética.

Quero com minha poesia falar meu canto,
fazer outrem entender como que vejo,
sentir junto com os meus sabores,
inalar a cada manhã o perfume daquela flor.

Anseio, quando escrevo, que me entendam,
ou ainda, que indaguem: o que?
Nada quero com as regras! Basta!

Liberdade para escrever a tinta.
Coragem para gastar folhas pardas.
Tinta de experiências minhas
e pardas porque o tempo esqueceu.

Como um outro eu imaginaria
que com a sucessão das imposições
eu poderia tantas vezes afirmar minha?

Rafael Paixão
Poema registrado

Solidão

A solidão nada mais é que um ser estar sitiado.
Ao contrário do que sempre pensei,
o solitário é aquele que nunca está só.

No coração ele colocou a saudade,
às mãos impõe a companhia fria da sudorese,
no pulmão há aquele inspirar farfalhado
e ainda com seus passos ele aprisionou a tristeza.

Como uma cidadela observada pelos invasores
o solitário despreza o que vem de fora dos portões!
Nada de amigos! Eles são somente escarne...
Desdém os olhares de desejo, pois nele há coragem!

Como nos conta o tempo, desde muito cedo,
os sitiados morrem de inanição e apatia.
Com os solitários nunca será diferente...



Rafael Paixão
Poema registrado

Daltônico

O vermelho que sobe à cabeça e deixa o homem cego,
cai do céu e rega a terra no nascer luminoso de cogumelos.
Ilumina as tardes de espectadores sonhadores,
que na mistura de quentes e frias cores, divagam.

O vermelho que é vida e se faz morte quando escapa.
A mistura entre mãe e filho se dá "en rouge"!
A vida se faz em rubidez, é nele que a mesma flui,
e talvez seu cheiro ferruginoso embale a canção da morte

Ele não é a minha cor preferida, mas pense:
O que seria do fogo? Ele arderia em verde?
E no cume do monte veríamos árvores consumidas em si!

O que maravilha seria senão azul e vermelho?
Que a beleza do príncipe negro me extasie
e que assim eu encontre novamente minha visão.

Rafael Paixão
Poema registrado

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Agora eu olho para a história

Bandeira esfarrapada ao vento,
espada sem fio e cheia de dentes.
O cavalo é manco, ao certo,
e o soldado, coitado, cego!

No cocho: mandacaru.
No coxo: farrapo velho.
No cinto: aperto.
No sinto: esquecimento.

Quem vence pode sempre
comemorar, contar, torturar,
chorar, rir, prender, maltratar,
até matar. Mas nunca olhar!

O olhar trás a verdade,
e junto com ela vem a semente
da revolta dos vitoriosos que
perderam a duras penas
o direito à beleza.
É tudo questão de foco senhor!

Ganhamos territórios!
Mas os que olham vêem lares em chamas.
Causamos muitas baixas!
Mas os que olham vêem as vidas tolhidas.

O bom historiador deve ser cego,
pois olhar faz mal ao rei!
Melhor voltar a trêmula bandeira
e a espada desembainhada.
Pois então grite majestade!
Ordeno que me tragam um sabugo!


Rafael Paixão
Poema registrado

Nunca os vi!

Cavalinhos que rodavam sem sair daqui.
Um coreto esquecido de onde a música não vem mais.
Havia ali os trilhos do velho bonde.
Nunca os vi!

Havia homens que escondiam-se na escuridão,
e eu não sei se era por medo da vida.
Mas num claro queimar de coisas
eles guardavam lembranças de fé.

Nunca os vi!
Não vi os padres de batina preta.
Não vi as meninas de tranças e de chita.
Não vi os casais de braços dados.

Nunca os vi,
mas tenho saudade daquilo que não vivi
e sinto falta de tudo que não senti,
pois eu nunca os vi!

Rafael Paixão
Poema registrado

Gigante que chora

Levantaste o teu escarpado pra tentar ver o mar.
Será que conseguiste de longe o avistar?
Eu acredito que sim, embora não me digas.
Mas, dizem por aí que um dia ele banhou os teus pés!


Em resposta e este fino trato, formaste em si
um baú para guardar o que um dia tiveste.
Enquanto isso, permeiam em tuas entranhas as conchas,
que por um instante te lembra a voz do mar.

Foi esta a causa de serdes aquela que chora?
Por isso as águas correm pela tua fronte?
Ó grande emaranhado de lágrimas...

Te ergueste e assim te agigantaste,
pairando assim teus olhos saudosos sobre ele.
Pois tu, Mantiqueira, ainda choras pelo mar...

Rafael Paixão
Poema registrado

Ilusória existência

Olhei no horizonte e uma solitária estrela
olhou para o amante que aqui jazia...
Olhei mais uma vez e diante de sua infinitude
imaginei o quão mirrado eu aparentava a ela.

Então, devido a distância, enchi o peito de força e disse:
por que esta solidão nos maltrata?
E ela, em resposta, se encheu de luz e explodiu!
A solidão era somente minha. Não era dela.

Na verdade, ela já não existia, pois eis que
aquilo que vira, e para quem eu falara,
era só um restício do que outrora fora.
Hoje, ontem e antes, muito antes, não há nada lá.

Rafael Paixão
Poema registrado

Sem título

A jarra é um animal complexo
que tem bico e uma asa só.
Depois que ela enche, ou a enchem
se dá a derramar.

Um pouco pra xícara. Outro pro copo.
Um tanto de chá e gotas de limão,
que até agora não fazia parte da história,
posto que é fruta! Cítrica!

Mas que atentado a cultura inglesa,
se bem me recordo do não me ensinaram!
Chá se põe em jarra? Se toma em copo?
... ao menos que se sirva com limão.

Ah! Deixa disso! Que complexo!
Não falava eu da jarra?
Pois é. Mas agora já foi. Passou.
Só se for pra inglês ler!

Rafael Paixão
Poema registrado

Um triste percalço no apertado espaço da coxia do teatro de fantoches...




Pum!
Um peido!
Ops... Em cena!?

Rafael Paixão
Poema registrado

Não havia...

Não havia em mim esta veia.
Pra mim o amor era bom,
só era capaz de fazer o bem.
Daquele tipo que afaga a cabeça!
Pois, ainda não havia em mim esta veia.

Não corria em mim este sangue.
Sangue velho que me envenena!
Ele é minha embriagada cicuta atemporal,
que esqueceu de mandar morrer ou matar.
Não havia em mim este sangue.

Cada vez que falava de amor,
pensava eu, infante eu, nas coisas boas:
O desejo, o cacho solto, a pele...

Mas agora em mim ele mata,
cada vez que o coração dispara
e espalha este sangue que em mim não havia.

Rafael Paixão
Poema registrado