Contador

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Pássaro de inverno

Lembrei-me daquela languida manhã de terça-feira.
Sei que era um mês de maio tão melancólico e raro,
contudo as palavras tinham perdido o seu efeito
e o frio inverno se aproximou fazendo manchetes.

As folhas da alameda caíram fazendos desenhos,
o andarilho parou o coração e o caminho,
a neve branqueou o pampa e as mentes acinzentadas.
E por fim acabou-se...

Com letras garrafais houve aquela frase amarga
em que você dizia que não haveria mais poesia em nós.
O cansaço abateu em meu verso e cessou. Era sua a razão?
Você se virou, foi caminhando e cresceu um abismo.

Como um pássaro novo no ninho eu olhei para baixo
e tive fé na força trêmula das minhas asas mal formadas.
Saltei e com desespero da puberdade aticei minhas plumas
que só conseguiram levar-me as nuvens feitas de couve-flor.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Nenhum comentário: