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sábado, 2 de fevereiro de 2008

Com lápis-de-cor

Eu, que me chamei poeta, conheci uma flor azul.
Inicialmente não vi nela valor, de tão sem graça!
Mas de tanto olhar eu vi que ela era singular.
Então nós fitamo-nos no ar em melodia e
nos apaixonamos... Foi assim que me fiz mel!

Eu me fiz resultado dela... Mas havia a abelha!
Ela machucava a minha flor pra poder me existir.
Como foi difícil tomar a decisão de poupa-la...
Num beijo meu eu disse que ia deixar de ser
e ela ia ter de mim só a lembrança da doçura.

Não chores minha flor! Não busque em ti razões!
Você foi a origem de minha essência e
eu não poderia lhe ver sofrer por mim...
Sobe na roda gigante da vida, põe uma blusa de lã,
sorria, sinta um abraço do sol e sinta-me.

Guarda-me contigo... Esconde-me em ti...
Em num gesto involuntário suspira e me pinta,
usa a caixa de lápis-de-cor que te dei ontem.
O mel não se faz sem flor... Sem sua flor!
Já a flor pode ser faceira mesmo que não haja mel.

Rafael Paixão
Poema Registrado