Contador

domingo, 29 de agosto de 2010

Preto e branco

O oposto do amor
não é o ódio!!!
Ódio é ocupar-se da
vida alheia
e assim esquecer
de viver nossa vida
que é cheia
das suas próprias preocupações...

O oposto do amor
é o despreso... Não!
O oposto do amor
é a indiferença!!!
E de todas as manifestações
que podemos ter,
por quem deixamos de amar,
o auge é o esquecimento...

O que? Como é?
Eu não me lembro...

Rafael Paixão
Poema Registrado

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Incompletude

Sou espiritualizado
e venero a incompletude!
A incompletude do ser humano
faz de cada um de nós
um caleidoscópio!
Somos sempre aquilo mesmo,
mas nos mostramos, a cada
giro da Terra,
de uma maneira nova!

E tudo é feito ao acaso!
Projeto o meu amanhã, mas,
de repente, um fato corriqueiro,
e a priori irrelevante,
muda o meu futuro...
Meus planos
não fazem mais sentido!
E é nesses dias que me admiro
com a incompletude das coisas...

Os planejadores, pessoas
que vivem a vida de acordo
com um projeto pré-definido
se enlouquecem
com a apresentação do cotidiano.
Não há como prever o desjejum
de amanhã, então pergunto:
Como saber como iremos
terminar o projeto do mês passado?

O meu hoje só será entendido
amanhã, ou depois de amanhã...
Pois nessa perspectiva limitada
que temos sobre os fatos
recém acontecidos não há o ajuste
do senhor de tudo!
Para que algo possa tender
à completude, estado que não existe,
precisamos do tempo!

Temos que tentar compreender
o mundo em que vivemos,
nossa vida e aqueles que nos cercam
através da incompletude,
a minha segunda certeza nessa vida.
A outra todos conhecem: a morte.
Morte essa que é mais uma
expressão de que aqui somos incompletos!
Ou quem sabe seremos lá!

Estabeleçamos relações
entre os nossos espaços vazios!
Sim! Juntemos as nossas incompletudes
e em meio a todo esse vazio
esforcemo-nos por polir
nossa lupa e assim poder ver
que o que nos fere nada mais é
que o nada daqueles que
nada fazem para deixar seu nada.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Letramento Político

"O pior tipo de analfabeto
é aquele chamado de
analfabeto político.
Ele não ouve,
não fala e nem
participa dos
acontecimentos políticos.

Ele não sabe que
o custo de vida,
o preço do feijão,
do arroz, da farinha,
da passagem, do aluguel,
do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão omisso que se orgulha
e estufa o peito
dizendo que
odeia a política,
que vota
em troca de favor.

Não sabe o infeliz
que é da sua ignorância
que nasce a prostituta,
o menor abandonado,
o assaltante e
o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista.

Esse tipo de analfabeto
é pai e mãe de todo
pilantra, corrupto
e dos lacaios das
iniciativas privadas
nacionais e internacionais.
Viva o letramento político!"

(Adaptado de Bertolt Brecht)

Rafael Paixão
Adaptação Registrada

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pesos e medidas

Não sei se vou fazer amor com você...
Meu humor anda muito inconstante!
Não vejo razão para me rotular!
Eu sou eu!
E outra:
Posso não saber o que quero,
mas tenho certeza do que não quero!
Eu sei que nascemos um para o outro,
mas não estamos um com o outro
e nem sequer um para o outro,
como uma proporção...
Encaro o seu desprezo
pelos valores normais
um cliché chato demais!!!
Sei que vou sempre te buscar
em outras mulheres,
mas o meu truque é desfrutar da vida
tendo certeza que ela não tem
o menor sentido!
Além do mais estou muito azedo ultimamente!
Zangado com a merda da raça humana!
Depois de milhares de civilizações
ainda não aprendemos a amar...
Não. Porque temos uma mente adolescente.
E, sendo romântica,
temos uma vontade louca de correr riscos.
Assim, por um breve momento de paixão
abandonamos completamente todas as responsabilidades.
O amor é responsável...
inconveniente, maçante e bucólico!

Rafael Paixão
Poema Registrado

A incompletude

Bom, sei lá, eu penso o seguinte:
O amor incompleto é o começo,
a paixão, a incerteza de uma continuação.
Amar é compreender e ter certezas,
o romantismo é deixado de lado,
perde-se um pouco das surpresas.

Um relacionamento, normalmente,
começa romantico, pois é incompleto.
Mas quando o amor chega,
o romantismo perde forças,
conhecemos a pessoa, sabemos o que esperar,
não existem mais dúvidas...

Por isso é muito fácil compreender
o romantismo cheio de incertezas dos amantes
e a intensidade dos encontros
e dos desencontros de tantos casais.
Para tanto, deixemos o amor incompleto
para que sempre haja romance!!!

Rafael Paixão
Poema Registrado

terça-feira, 22 de junho de 2010

Um ensaio sobre a eternidade

Quanto tempo durará essa nossa viagem?
Nossa vida bela e breve termina
em uma estação comum a todos: A eternidade!
E a preparação para a partida é infindável!

O ingresso de cada um de nós na eternidade
será um ato solitário. O mundo continuará!
Mas para aquele que adentra na eternidade
nada mais nas voltas do mundo será relevante.

Deixaremos todas as listras desse pião
para trás num ato solitário.
E dessa existência não levaremos ao menos
o nosso coração. Só o que há dentro dele!

Em meio a esse ato solitário,
podemos ver e julgar o valor de cada um
dos nossos atos e ações!
Será uma colheita de consequências!

Nosso corpo aprisiona a nossa alma, e,
a morte, sempre justa e pontual
abrirá a prisão para nos libertar!
Será dado o primeiro passo da nova jornada!

Estaremos aptos a dar esse passo?
Seremos forte? Estaremos em paz?
Precisamos cuidar dos valores e desejos
que nos apontam o rumo do caminhar!

E então, alimentar as significações que
enchem de sentido esta nossa vida.
Significações que levaremos conosco até
o fim de nossa existência.

Especialmente, cuidar da existência,
é a capacidade de sentir complacência
e ver nascer, a cada momento,
o outro que está à minha frente.

Lembremo-nos:
Amar ao outro é amar o universo!
Muito se falado sobre os direitos humanos,
mas pensemos em ter deveres humanos...

O dever de ser solidário,
de compartilhar os bens e os dons
com os quais fomos agraciados na vida...

O dever de ampliar o nosso campo de visão,
de modo a abranger não só nossa família biológica,
mas a toda a família humana.

O dever de amar e acolher o órfão, o idoso,
o enfermo, o desamparado...
O dever de socorrer o pobre, o necessitado,
o excluído, o desabrigado...

O que será que a menina de tanto
destituída responderá, no dia em que lhe for
dirigida a seguinte pergunta:
Quem neste vasto mundo amenizou sua dor?

A matéria é limitada pelas leis do tempo
e do espaço, pelo visível, pelo findável,
pelo finito... pela nossa miséria!

O espírito pertence a um mundo sem fronteiras
ou limitações, um mundo onde as aparências se
desmancham, e as essências são reveladas...

Mas, durante um breve lapso de tempo,
espírito e matéria dividem o mesmo palco,
findo tal prazo, da qual segue o seu rumo...

O corpo material, o necessário abrigo
emporário do espírito, recolhe-se ao pó...
Enquanto que o espírito segue sua jornada pelos mundos
invisíveis, eternos, celestiais...

Purificar o coração, lapidar a alma,
ser solidário, generoso, atento, desperto,
de modo a estar apto a deixar o palco da vida
terrena, quando a hora final chegar...

Poderemos ter a sensação de dever cumprido,
com uma consciência tranquila?
Pois, o único objetivo da vida no mundo material
é a entrada no mundo da verdade!

Nós: Descendentes do Pó,
não devemos nos contentar com o ócio de um dia
passageiro, privando-nos do repouso eterno.

Não devemos trocar o jardim de infindável deleite
pelo monte de pó que é o mundo mortal.
Apego, mesquinharia, desamor...

De nossa prisão ascenderemos aos gloriosos
prados do além e, de nossa cela mortal,
alçaremos vôo até o paraíso do infinito.

Rafael Paixão
Poema Registrado

sábado, 19 de junho de 2010

Teatro de Margarida

bem-me-quero
mal-me-quero

com você
sem você

feliz
infeliz

pensador
mecanizado

amado
largado

analítico
deslumbrado

beijado
entediado

Rafael Paixão
Poema Registrado

Martelo e cinzel

Queria poder escrever
a minha profunda dor!
Como não posso, então
vou esculpi-la
no meu peito desnudo com
cada soco que dá
esse esquecido coração...

Tum! Desilusão...
Tum! Solidão!
Tum! Incertezas?
Tum! Tristes certezas.
Tum-tum... Esperanças perdidas...
Vazio!
Partida ou retorno?

Rafael Paixão
Poema Registrado

Ecologia

A correnteza leva
muitos dos detalhes
sutis dessa
minha vida de merda!

Mas essa mesma correnteza
não leva para longe
as dores que param
nas curvas da minha vida...

Se você se pergunta:
Merda? Mas como?
Respondo:
Depositam em mim o esgoto!!!

Espero um dia
me bater em pedras
e poder ver meus pés
no fundo do meu rio...

Merdas! Minhas e vossas!
Essa sujeira
que me emporcalha,
faz minha visão turva...

Aparência deturpada!
Socorro... Percebam
que eu preciso
do meu Green Peace...

Rafael Paixão
Poema Registrado

Meu budismo

Que queiram os deuses
poder eu,
antes da caveira branca
caminhar por aqui feliz.

A felicidade que quero,
e por isso sofro,
é ter quem amo e
amar quem eu tenho.

Mas olhando para
o meu pertubado coração,
percebo que, na verdade,
só tenho o verbo amar!

Esse verbo "incorregido"
que eu teimo em conjugar,
presente, passado e futuro,
apenas na primeira do singular.

Rafael Paixão
Poema Registrado

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Alguns sentidos

Eu fecho os meus olhos
na esperança de poder
encontrar os seus,
mesmo que de relance!

Na maioria das vezes
o que eu vejo são trevas!
Não sei se essas trevas
são minhas ou se são suas.

Se forem minhas, elas são
o reflexo da minha espera.
Porém, se forem tuas,
são o que sobrou do perdão.

O erro não pode ser esquecido,
ele não foi sequer diluído...
Na verdade ele se aglutina,
tanto o é, que tornou-se escuridão!

É escura a minha espera infundada
e é negra a sua natureza irredutível.
Assim vamos com as mãos soltas
caminhando infelizes em qualquer direção.

Nossos caminhos, de vez em quando,
se cruzam para que
eu não esqueça da espera
e você da página que sempre volta a ler.

Mas em meios a sons metálicos
eu quero ensurdecer, até a alma,
e assim deixar de escutar
a mentira que teimo em acreditar.

Rafael Paixão
Poema Registrado

domingo, 6 de junho de 2010

Olhar

Pois em lágrimas
eu comtemplo verdades!
As minhas verdades...

Verdades essas que
rasgam o peito
e destroem todas ilusões.

Ilusões essas que são
a vida, o amor...
você ou eu mesmo!

Rafael Paixão
Poema Registrado

huaahhuahuauhahuahahua

Eu pudia tar roubando,
eu pudia tar matando,
eu pudia tar tacando pedra em pombo,
eu pudia tar catando lata,
eu pudia tar torcendo pru curinthia,
eu pudia tar ate' vendendo tóchico pru teu filho...
Mas to pidindo...
casa comigu?

uuhahuahuahua
Muito boa!!!

sábado, 5 de junho de 2010

História

Eu não vou mais falar dessa saudade!
Não vou sofrer com esse infeliz amor...
Guardarei a minha pena
e vou viver outra história!

Eu vou esquecer essa história
e traçar uma nova trajetória!
Vou recomeçar!
Quero um novo amor...

Sim! Vou assumir o meu destino
quando o teu amor me iluminar!
Deixarei de seu um ombro
e serei olhos esfumaçados...

Eu me ofereço totalmente!
Eu imploro de joelhos
para que a tristeza não exista!
Quero uma nova ideia!

Quero a imagem distante
daquilo que eu fui!
Do meu sorriso escondido!
Do meu perfume duradouro!

Com licor nos meus lábios,
não...
Nos meus lábios eu quero
somente você!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Media in Via

Media in via erat lapis
erat lapis media in via
erat lapis
media in via erat lapis.


Non ero unquam immemor illius eventus
pervivi tam míhi in retinis defatigatis.
Non ero unquam immemor quod media in via
erat lapis
erat lapis media in via
media in via erat lapis.

Psalm 115

9. non nobis Domine non nobis
sed nomini tuo da gloriam
10. propter misericordiam tuam et veritatem tuam ne dicant gentes
ubi est Deus eorum
11. Deus autem noster in caelo universa
quae voluit fecit
12. idola gentium argentum et aurum
opus manuum hominum
13. os habent et non loquentur
oculos habent et non videbunt
14. aures habent et non audient
nasum habent et non odorabuntur
15. manus habent et non palpabunt pedes habent et non ambulabunt
nec sonabunt in gutture suo
16. similes illis fiant qui faciunt
ea omnis qui confidit in eis
17. Israhel confidet in Domino
auxiliator et protector eorum est
18. domus Aaron confidet in Domino
auxiliator et protector eorum est
19. timentes Dominum confident in Domino
auxiliator et protector eorum est
20. Dominus recordatus nostri benedicet
benedicet domui Israhel benedicet domui Aaron
21. benedicet timentibus Dominum
parvis et magnis
22. addat Dominus super vos super
vos et super filios vestros
23. benedicti vos Domino
qui fecit caelos et terram
24. caelum caelorum Domino
terram autem dedit filiis hominum
25. non mortui laudabunt Dominum
nec omnes qui descendunt in silentium
26. sed nos benedicimus Domino amodo
et usque in aeternum alleluia

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Tristeza

Já não há mais corpos
que amanheçam abraçados.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Colóquio Interior

Pergunto: Oi! Que dia é hoje?
Dane-se...
Todos os dias são iguais!
Uns mais próximos do Inverno
e outros mais próximos do Verão.
Todos os dias são iguais.

Diz o Anjo: Não teime nisso!
Entristece-me ao som
da tua expectativa genial
frustrada e violentada.
Todos os dias são diferentes!
Cada dia é um presente...

Diz o Diabo: Mesmo que ninguém
se aperceba disso,
se arraste para essa sua tristeza
desmedida de uma vida mal vivida.
A miséria não procura companhia,
procura justificação para um suicidio aborrecido.

Respondo: Deixa-me em paz,
deixa-me só na minha felicidade de ser sozinho.
Não necessito de ti.
Desculpe, mas você é mais do que inútil.
Crucificas a paciência. Deixa-me aqui,
feliz comigo.

E ele retruca: Procura emendar
a sua triste e patética vida
no tal futuro que ainda se não concretizou.
Mas, entende, o futuro é incerto
e posso dar-lhe o som que melhor me soar.
Talvez um mi bemol...

Replica o Anjo: A opinião dele é só isso: uma opinião!
Terá a sua oportunidade de decidir o som que fará.
O Sol! Se a perder não vão lhe culpar,
não vão lhe responsabilizar.
O som que ganhaste era o dele,
mas ainda tenho a dar o meu: Si bemol.

Insisto: Que dia é hoje? Não quero saber.
É um dia comum em que decidi quem quero ser.
Não sou essa pessoa, que fica para fazê-la menos feliz.
Devia ter vivido tudo quando podia.
Se agora é tarde para ela é cedo ainda para mim.
Sei exatamente que dia é hoje. É o dia do grito da liberdade.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Adeus

Afogar a mágoa em qualquer coisa,
ainda que seja corrosiva,
soa melhor do que viver
a vida que ainda existe em mim.

Deixarei de viver
a existência que é a minha.
Lamento.
Adeus!

Se não estarei aqui é porque,
lá no fundo, nunca quis ficar...
eu nunca quis ficar.
Adeus!

É porque, lá no fundo, não existo.
Já não existo.
Os mortos algum dia
acabam por ser esquecidos.

Nunca quis eu,
verdadeiramente,
ficar por aqui.
Lamento.

Por mim,
porque todos os mortos
serão esquecidos, um dia,
lamento!

E sei que morri.
Haverá um dia em que
já não saberei quem sou.
Não saberão quem fui!

Haverá um dia em que
me esgotarei em pensamentos
inúteis e vazios.
Adeus!

Precedentes de atos que
nunca executei.
Em verdade, morri.
Lamento. Adeus!

Eu fui ferido
na única coisa intocável
na existência humana:
o meu conceito de futuro.

Lamento...
Já estou morto!
Eis-me frio.
Adeus!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Realidade Virtual

Quanto a mim,
sei perfeitamente
como cheguei até aqui.

Veja a lógica da repetição
desse padrão
do qual não poderia fugir.

Veja a cor opaca
nesse padrão simétrico, e agora distante,
que nunca poderia ter evitado.

Não tenho direito a esse desespero.
Porque a multidão de possibilidades
que tive me foi dada docemente por ela.

Ah, que importa que eu não tenha culpa?
No final, tudo o que sei, é que fui eu
que arruinei aquela existência áurea e pacífica.

Que importa que tenha sido uma fatalidade
triste e melancólica ao som de um Sol
que não tem força para aquecer-nos?

Que importa que tivesse sido um belo e
romântico caso, porque eu amava demais
e ela amava-me como não podia nem devia?

Agora estou exatamente onde mereço.
Nada é perfeito.
Tudo é uma busca sem chegada!

E ela vai sempre embora amanhã.
A pergunta é:
Sente a minha falta para voltar sem nunca deixar de ter partido?

Sim, há outra pergunta:
Conseguirei ficar com um pedaço dela?
Não. Claro que não. E todos sempre souberam isso.

Por isso é que sei exatamente como cheguei aqui,
a esta realidade agradável
onde ela não existe.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Meu fim, meu recomeço...

Continua a ser
extremamente curiosa
a forma como o meu mundo
se inverteu e continuei
exatamente no mesmo lugar.

Já não sou eu e,
no entanto,
não poderia
ser mais teu
esse teu eu.

Não deixa de ser esquisita
a rotina de uma época
tornar-se
numa memória distante
da qual me lembro tenuamente.

Foi a minha vida,
fui eu,
um eu bem definido
e delimitado que depois morreu
e que foi enterrado num canto da praia.

Apareci de negro cru
no meu funeral
e fui o único que
não gastou
lágrimas prateadas.

Fui o único que soube
exatamente
o que estava para acontecer
e qual a drástica consequência
de um gesto tão inocente e tão simples.

Por isso,
fui o único no meu funeral
cujo rosto foi firme e duro,
insensível como uma pedra.
Não ia sentir falta do meu eu.

Continua a ser estranho.
Porque andei em um círculo
mas caminhei sempre
numa linha reta.
Fim e início. Início e fim.

Tão simples ,
tão conciso,
tão evidente.
E, no entanto, me perdi
nas voltas que dei.

Sou eu, continuo a ser eu.
Mas quebrei a rotina de um eu
que agora já nem sabe quem era.
Eu, num mundo paralelo destruído.
Não sinto qualquer saudade do meu morto eu.

Rafael Paixão
Poema Registrado

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O seu amor

É sempre assim!
Dê um pouquinho da sua essência
quando parar para, honestamente,
olhar para pessoa que te sorri
do outro lado do espelho.
Dê a ela a sua perspectiva
de simplesmente exitir.

É sempre assim,
quando você encontrar
com a preocupaçao no fundo
do teu poço de sombras...
Arrancou um pedaço do seu coração
e entregou numa caixa.

E é sempre assim,
um conceito alternativo de intimidade.
E o amor tambem é isso.
Esta facilidade de coexistência de egos,
uma confissão silenciosa de receio e medo.
Amor é ter sempre receio do conceito
do fim que é precedido por um dramático
otimismo sensorial.

Ah, sim amor também é otimismo.
Faz feliz, torna leve e suave
e sinta-se como o pássaro mais livre
de qualquer céu.
Tudo se torna mais bonito
quando você imaginar o voo.

Por isso é que é sempre assim.
Se não desse um pouco da sua essência
quando parou para sorrir à pessoa
que se mantinha em sua frente,
do outro lado do espelho.
Não havria amado!

E se ela não lhe deu nada seu
para guardar na memória sensível
onde se guarda todos os fatos patéticos
que fazem sorrir nas entrelinhas desse pensamento.
Ela também não te amava.

E é sempre assim.
Confude-se amor com uma idéia romântica
de que há um deus anônimo
a amenizar o universo agreste.

E é sempre assim,
pessoas pouco resistentes como você
atrasam a verdadeira evolução.
Amor não é um estado de não-solidão.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Ângulo

Separação!
Não é um fato...
Não aconteceu!
Foi feita!

Fui eu?
Foi você?
Foram outros?
Todos nós?

Não sei...
Mas queria
uma vez
ter razão!

Saber que foi
bom... Tudo!
Mas separamos
até as opiniões...

Vejo alegrias!
Ves sua dor...
Ves possibilidades e
vejo o abismo.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Em função do ócio

Qual a função
do meu ócio?
Dor!
Solidão!

Não há descanço
para quem trabalha
o coração
para deixar de amar...

É trabalho árduo!
É uma obra confusa...
Não tem escola e
nem é definida!

Mas mesmo assim,
quando não estou
no mundo das ideias,
contruo novas...

Falho nas tentativas:
de não te desejar;
de não te esperar;
de não te acalentar.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Ciranda

Corria...
Respirava fundo!
Via as cores,
as luzes e expressões.

Nunca antes
havia corrido tanto...
Tão longe...
Tão rápido!

E dessa vez,
ao menos essa,
eu não caia!
Mas corria!

Para longe da
minha dor...
Para perto da minha
realizada utopia!

Abraço! Reviravoltas!
Olhares... Conversas...
Tempo! Mais tempo!!!
Corações afinados.

A canção que cantávamos
era doce e infantil...
Pois as crianças não
medem distâncias.

Rafael Paixão
Poema Registrado

Verdade

Das armas
que possui a solidão,
a pior delas
é um dia frio...

Nesses dias
o cobertor
não esquenta
o coração!

Nesses dias
o chocolate quente
não adoça
o sorriso!

Nesses dias
os filmes
não envolvem
a tristeza...

Dura é a melancolia,
minha melancolia...
Só. Comigo tenho
vento que assovia.

Vento que não
vem do norte!
E mantém esse
dia frio.

Rafael Paixão
Poema Registrado

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Composé

Outro tempo,
nova seara,
nova busca,
outra vida...

Novo mundo,
outro brilho,
nova aurora,
outro sussurro...

Novo balanço,
novo canto,
outra silhueta,
outra voz!

Outro acorde,
novo compasso,
novo timbre,
outra dissonância...

Rafael Paixão
Poema Registrado

Pentagrama

Boca amarga!
Ressaca...
Mas é diferente,
pois o que eu tenho
é uma ressaca
de sonhar.

Quando a gente sonha
se sente poderoso!
Tem sensações
que nos fazem
ser diferentes
da nossa essência.

Eu me embebedei
de uma espécie
de felicidade
de segunda mão...
Não foi acidental!
Eu procurei...

Como todo viciado
eu quis me aproximar
daquilo que
me destrói!
Infantilidade...
Achei que o sonho existia!

Acordar, depois da cama
girar, foi terrível!
O chão não estava
mais por lá...
A verde campina se foi e
a casinha com lareira desabou!

O céu não era mais azul
e as janelas
não tinham mais flores!
Com dificuldade os olhos
se abrem e vêem
como tudo tornou como antes.

Mas a minha conclusão
é que eu posso viver
sem essa beleza falsa...
Sem o gosto da sua cachaça...
Sem o amor hipotético...
Ainda há vida!

Mas a boca ainda
ficará amarga...
Com o amargor do seu
gosto...
Amarga das suas constantes
inconstâncias!

Todos precisam
de tempo!
Eu já tive o meu!
Agora eu quero
a vida que
é minha... E tudo!

Ainda estou zonzo...
Não percebeu?
Tem algo de bom
nessa forma de escrever!
Não devia poupa-la
desse meu amargor!

Meu piano estará
afinado amanhã!
Eu tocarei a minha
música... Vou chorar!
Talvez ela me machuque,
ou talvez, cure!

Rafael Paixão
Poema Registrado

domingo, 23 de maio de 2010

Um final de semana

Sabe? Ando me questionando... Se o amor é tudo o que dizem por aí, então eu não amo!!!
É uma realidade que se aflorou nesse fim de semana, pois experimentei sair sozinho e ver como é bom poder encontrar com pessoas que me querem bem, com pessoas que poderiam se apaixonar por mim e também com pessoas que estão dispostas a fazer loucuras comigo (rs)... Essa parte foi especialmente hilária, mas ficará registrada só na minha memória! Vou voltar no tempo... Umas quatro horas antes disso...
Bem, deixe-me ser mais preciso e falar sobre o por que disso tudo. Tive um papo às vésperas desse fim de semana com algumas garotas inteligentes que me fez acordar para a vida! Eu comecei a entender como as pessoas me veem e senti o gosto saboroso de saber que eu não sou somente "um corpo e uma carteira"... Sábias palavras! Posso figurar e dizer que foram palavras do Céu que me ajudaram a pensar... Pensei muito! Particularmente hoje! Domingão... preguiça... cama e cobertor...
Olha que na sexta a festa a qual eu fui estava ótima, mas não completou o meu vazio. O Almoço de sábado foi prazeroso, mas não alimenta o meu vazio... Assim como as migalhas do happy hour do sábado à tarde. Cansei de migalhas! Não quero resto!
Foi difícil perceber isso e mais difícil ainda foi a noite de sábado... Aqui eu tenho que rir, por que me vi adolescente de novo! Como eu olhei, contemplei, me derreti olhando o telefone... teve um toque de amargor, não trabalho bem com a espera, mas hoje tudo estava mais doce... De certo modo acordei diferente!
Ainda no sábado à noite estive com a minha família e o celular, claro! E então papo foi e papo veio; e percebi que parecia que ele era habitado por um novo assunto! Assunto esse que ocupou o meu domingo e que está fazendo com que eu esteja aqui no meu notebook escrevendo com muito mais esperança na vida do que nas semanas que se passaram.
É bom acreditar! Não sei se tudo é verdade, mas foi muito bom acreditar!
Hoje digo que foi legal esperar o celular tocar, pois foi assim que percebi que eu não morri para o novo e me afastei mais um bom tanto do velho!!!
"Vinho novo e odres novos"... Palavras do Mestre!
Todos percebem que minha vida é uma vida nova! Todos percebem que minha visão de mundo é nova! E com as possibilidades de sábado eu entendi que só preciso ser lógico!
Que as palavras voem e cheguem onde devem chegar!
Ah! Não posso esquecer: E que elas sejam claras como a música no celular que, digamos, também veio do Céu (rs)...

Rafael Paixão
Desabafo Registrado (rs)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

1521

1521 dias!!!
Só um louco...
O que há com a minha
capacidade de mudança?

Não há justificativa
para manter-se
num poço de tristeza
e de culpa.

Não vou mais chorar!
Não vou mais amar!
Não vou mais perdoar!
Não vou mais esperar!

Liberte-me vida!
Eu quero meu futuro
e tudo que nele eu quero
é poder sorrir...

Perdi forças
para continuar a justificar
para mim, para você
e para os outros.

Não vou chorar!
Não vou morrer!
Não vou procurar!
Não vou esperar!

Mãe! Cadê você?
Me dá um pouco de colo...
Onde estão as outras?
Me dá...

Nessa manhã tão estranha
eu me sinto esmagado!
Pois, por enquanto,
eu ainda espero!

Mas depois que o poema
acabar serei livre!
A arte é expressão
da liberdade...

Digo o que sinto!
Digo o que eu queria sentir!
Digo o que não diria...
Digo o que ainda não sou.

Mas sei que serei livre!
Livre de minha culpa,
livre da sua onipresença,
livre da nossa lembrança...

E vou-me embora!
Vou para a minha vida
e deixo a sua...
Minha despedida é longa...

Foram 1521 dias
nos quais esperei te ver
chegando e dizendo
que tudo passou!

Mas meu desejo
deve cessar
para que eu alcance
a paz que um dia eu quiz!

Eu quero dizer
que o poema acabou
mas tenho medo de lê-lo
depois de pronto.

Tenho medo!
Tenho medo do fim!
Tenho medo de enfim
não ter mais nada de você...

Mas a hora passa
e não posso fugir
da promessa que estrofes
acima eu fiz!

E como num ato de bravura
eu faço coragem
para nessas quatro linhas, as últimas desse poema, dizer que
por mais que seja incerto é melhor deixar de sofrer!

Rafael Paixão
Poema Registrado

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Dizem por aí

"Dificil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama.
Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer"

Bob Marley

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Para você

Fiquei longe de mim... Não sabia bem no que pensar e comecei a brincar de fazer de contas.
Imaginei como seria bom poder fazer com que você se apaixonasse por mim todos os dias, mesmo que o tempo ou a distância fizesse com que eu fosse um estranho a cada manhã... Mesmo que hoje eu seja só uma lembrança boa ou ruim!
No meu mais belo faz de conta construíamos vida e comunhão a cada dia. Eu, você, nossos erros e qualidades... Era lindo! A cada dia ao acordar éramos capazes de, antes de abrir os olhos, assistir uma breve cena da nossa história, para que lembrássemos quem é que está ao lado em nossa cama... Como era bom saber que estávamos juntos lá!
Continuei minha triste brincadeira e em meio as imagens, aos sons, aos gostos que me vinham a memória, comecei a perceber a realidade! Percebi o quanto de mim é de você... O quanto foi sua responsabilidade, o quanto te querer me deu forças para lutar e vencer, mesmo que sem você...
Eu não sei como essa realidade se escondeu de mim por tanto tempo, mas sonhador eu vi como tudo foi tão justo. Eu sou o seu milagre!
E me perdi em novos sonhos... Neles eu via você rasgando véus e escolhendo dar a nós a chance que falta para felicidade! Encontrando o caminho ao longe e olhando para ele juntos, mais uma vez... A última vez! A vez para o resto das nossas vidas!
E depois, já com a chama se apagando, eu escrevia nosso diário onde ficava claro para nós e para todos como foi bom o todo que vivemos cheio de tudo: amor, fé, reconstrução, lágrimas, passos, paradas longas, paradas doces, perfumes, flores, sustos e surpresas!
Enfim, nesse meu sonho, eu e você dormimos para esta vida e deixamos para os outros a lembrança, ou melhor a nossa herança: valeu a pena lutar pelo que nos dizia, insistentemente, aqueles jovens corações separados por si mesmos...
Queria escrever aqui o seu nome, mas acho melhor sentir tudo que ele me trás de bom e deixar aqui escrito, para que todos leiam, que espero... Contra todas as minha expectativas: Eu ainda espero!

Rafael Paixão

Ergo

Dizem os novos
filósofos que
não se deve
morrer por um
ideal.

Como sei que
o amor
é um sentimento
cheio de falhas
e de egoísmo,

posso afirmar
que o amor
não é ideal,
logo vale a pena
morrer por um amor.

Rafael Paixão
Poema Registrado

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Poeta

O poeta faz
ilusionismo
com palavras.

Expressa
o que não
fala

e esconde
aquilo que é
evidente.

Rafael Paixão
Poema Registrado

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Manipulação

Essas tuas
mãos
sempre foram
a paga
o afeto
a casa
o colo
a asa
o consolo...
Foram
mais:
arte
molde
húmus
beijo
rito
palma
benção
azeite
tapa
bálsamo
azar
perfume
tumulto
discurso
insulto
asco
e censura...

Rafael Paixão
Poema Registrado

Grandes Navegações

foi deste meu
mundo porém
o teu colo
que como
um cabo
de esperanças
em meio
ao nosso inverno
o ponto donde
minha nau
intensa
de planos
fez-se
tormento e
naufrágio

Rafael Paixão
Poema Registrado

Devotar-se

pediste-me devoção
mas as que queria
fazer-te
perderam-se
na névoa
sozinhas de mim
pois eu que
tanto queria
dar-te
minha oferta
lembrei
que em mim
há muito mais
que mereça esta
canção

Rafael Paixão
Poema Registrado

Desejo

quero-te
anseio-te
com chuva caindo
no meu corpo
corro
como louco
faço pouco
do novo
mesmo que verdadeiro
amor febril
e tudo por que
quero-te

quero-te
com brisa afagando
meu rosto
em meio
a umidade
da lágrima
que lembra
da sua doçura
no sorriso
deslumbrando
dos meus olhos
quero-te

Rafael Paixão
Poema Registrado

Algo mais que estrofes

Este poema que te ofereço,
é feito de mágoa e de paixão,
de dor ausente e de martírio meu
e mais que tudo, ele é feito por quem
morreu durante o nascimento do plural.

Este poema que te dou, sou eu, todo eu.
Em horas boas e más, no tempo tolo
da vida, que vivida deste modo
é mágoa, é falta, é desejo suprimido,
é ódio de não estar à tua sombra...

Essa droga, que no momento eu uso,
é muito mais que um poema! É relicário!
É mortalha das minhas lágrimas
e é sudário do meu açoite de saudade
e da minha cruz de solidão!

É muito mais que um poema! Eu já disse!
É confissão dos nossos pecados,
é óleo sagrado, que confirma a mentira,
é extrema-unção pra mim,
morto pelo amor e vivo para sofrer.


Rafael Paixão
Poema Registrado

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Caipiras digitais

Hoje estava eu conversando com uma das minhas confidentes intelectuais, quando me deparei com a definição que é título desse texto. Usei-a inicialmente para expressar o quão arquepitico são essas pessoas que se dizem sertanejas...
Não posso acreditar que em pleno século XXI haja pessoas que efetivamente são adeptos dessa modalidade de vida. E mostro aqui os requisitos básicos de um sertanejo, que passam longe dos arquétipos de fim-de-semana:
- Ser correto nas suas intenções;
- Ser simples;
- Produzir pouco lixo;
- Colaborar realmente com o meio ambiente;
- Produzir bens primários para si e para outros;
- Conviver em hamonia com a natureza;
- Cuidar dos animais (sem ter como intenção última usá-los como troféu na Cavalaria de São Banedito e outros eventos sui generis) dentre outros.
Os caipiras digitais são apenas amantes de letras musicais pobres que expressam pouco sentimento verdadeiro e de melodias ingênuas; gostam de esnobar roupas que os verdadeiros sertanejos não usam; tiram fotos de suas baladas e colocam no Orkut, contam detalhes do último rodeio no twitter; marcam encontros no MSN e por aí vai!
O que tem isso com o estilo sertanejo? O que tem com o estilo sertanejo os cabelos esculpidos das duplas de cantores que atendem a procura dos caipiras digitais do momento?
Enfim, o verdadeiro sertanejo, se é que existe alguém que queira sê-lo, é tarefa árdua em demasia para o estilo confortável de vida dos homens modernos.
Além dos mais parece que nesse país (sudeste e centro-oeste?) querem empurrar-nos um único som brasileiro, ou seja, o que soa sertanejo! Com a produção em série de duplas em Goiás, São Paulo e Minas Gerais, essa onda chegou nas ondas do rádio! Nas festas... e por aí vai!
Trocando em miúdo: segundo alguns caipiras digitais de plantão, para se ganhar dinheiro com rádio só tocando "músicas sertanejas", quero dizer, e que nada têm a ver com música de raiz, genuinamente caipira. Exemplos são vários: Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Inezita Barroso, Sérgio Reis, Almir Sater, Alvarenga e Ranchinho, Tião Carreiro e Pardinho, Milionário e Zé Rico e mais um punhado. Mas estes estão fora da mídia fonográfica. Então, são tocadas nas ondas do rádio as piores espécies da música sertaneja, com raras exceções, obviamente.
Eis aí algo a se pensar:
É de interesse global que a Fazenda Brasilis sane a escasses de alimentos no planeta bola, então o que seria melhor que uma terra sertaneja?
Eu sou a favor da tecnologia e gostaria que uma coisa complementasse a outra!
Quem sabe não seja melhor para todos Fazendas Digitais nas mãos de sertanejos que administrem seus "fardos" por meio de processos de representações discretas digitalizadas?

Rafael Paixão
Crônica Registrada

REPUBLICANDO: Agora eu olho para a história!

Bandeira esfarrapada ao vento,
espada sem fio e cheia de dentes.
O cavalo é manco, ao certo,
e o soldado, coitado, cego!

No cocho: mandacaru.
No coxo: farrapo velho.
No cinto: aperto.
No sinto: esquecimento.

Quem vence pode sempre
comemorar, contar, torturar,
chorar, rir, prender, maltratar,
até matar. Mas nunca olhar!

O olhar trás a verdade,
e junto com ela vem a semente
da revolta dos vitoriosos que
perderam a duras penas
o direito à beleza.
É tudo questão de foco senhor!

Ganhamos territórios!
Mas os que olham vêem lares em chamas.
Causamos muitas baixas!
Mas os que olham vêem as vidas tolhidas.

O bom historiador deve ser cego,
pois olhar faz mal ao rei!
Melhor voltar a trêmula bandeira
e a espada desembainhada.
Pois então grite majestade:
- Ordeno que me tragam um sabugo!


Rafael Paixão
Poema registrado

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ensaio sobre o CASAMENTO por um solteiro...

Ode à liberdade! Deus salve a independência! Viva a autonomia! Brados à auto-suficiência! Eu quero é paixão!

Todas essas expressões definem muito bem o solteiro genérico e igualmente todas elas são antônimas de casamento... O que une duas pessoas, é um sentimento que se chama paixão, fugacidade, vivacidade, sedução, e o meu preferido: tesão!

O casamento serve pra quê?

Enquadramento social? Alienação em massa? Fidelidade? Ou uma forma legal de pegar metade do que o seu parceiro possui? Senti um pingo de sarcasmo! Mas foi uma piada legal...

Pois bem, CASAMENTO assusta! Se eu tenho um relacionamento estável, fixo, sou fiel, sou leal acima de tudo, tenho uma rotina bacana, simples, nada extravagante, nada anormal do que seria uma rotina de um casamento, segue a pergunta óbvia: O que mudaria? Uma aliança dourada no dedo? Pra quê?

E digo mais: O casamento impõe limites! Ele é o ápice da homogênese.

Sou heterogêneo, gosto de ser eu, gosto de ter minhas opiniões, gosto de fazer o que eu quero, gosto de ficar sozinho...

O casamento elimina isso de mim, retira minha individualidade.

OK!Tudo bem! Vamos casar?

Eu na minha casa e você na sua! E tudo de papel passado! A minha é minha e a sua é sua! Negócios a parte...

Hoje vamos dormir onde? Vamos almoçar onde? Vamos transar onde? Na minha casa ou na sua?

Pode ser que eu queira dormir sozinho!

Quero pintar tomando um doze anos... Quero beber a noite escutando sozinho Bach! Preciso criar: jogos, quadros, provas, apostilas, postagens para o blog... Meu, meu! Como diria o Doutor Abobrinha do Castelo Rá-Tim-Bum...

Essa incessante necessidade de individualismo (e retifico; quem não sabe o verdadeiro significado do que é individualismo, que, por favor, pare de ler agora) me faz amar (não sei se a palavra seria exatamente essa) o outro, como o é, com suas manias, com seus hábitos, com seu sorriso...

Não gosto de me sentir consumido, sugado; gosto de saber que ir e vir é uma dádiva que não perderei jamais... Sou um monstro? Seria melhor o suicídio?

Casamento... Bah! O que um amante (aquele que ama) sente, é o suficiente se realmente quer um "viveram felizes para sempre"!

Cada um no seu castelo encantado e vez ou outra... Suba no meu cavalo branco que eu te coloco pra dormir do meu ladinho.

Rafael Paixão

Crônica Registrada

Memórias de um passado breve

Tudo começa do começo. Me lembro como se fosse hoje; a primeira vez com ela...Tudo que a gente faz pela primeira vez tem uma coisa meio mágica, né?

Acho que temos uma insaciável sede por estréias:
A primeira página de um livro.
O primeiro gole de uma bebida.
O primeiro beijo.
A primeira transa.
O primeiro eu te amo.
Mas o bom memso é a estréia no amor (será que é esse o nome?).

Sabe? Aquele friozinho na barriga, vontade de estar junto.
E essa foi a primeira sensação que tive, uma vontade de ficar junto o dia inteiro, uma vontade irresistível... Eu sei que é idiotice minha, principalmente saindo da minha boca, mas os ogros também amam!
E acho que esse é todo o problema. Quando a gente quer algúem, a gente não quer jogos nem brincadeiras e testes, a gente quer de verdade.
E essa sensação de ficar junto, parece meio sessão da tarde acompanhada de pipoca amanteigada, aqueles filmes que a gente chora quando o casal fica junto no final. Mas pra falar a verdade, por um momento eu acreditei que havia chegado ao fim de uma busca eterna. Estava com a pessoa certa!

Engano. Ela provou o contrário! Parecia um livro que tenho: 256 demonstrações do teorema de Pitágoras... Leia: 256 maneiras de fazer o Rafael se sentir um lixo!
Mas o amor é igual caipirinha de buteco, todo mundo sabe que dá dor de cabeça, mas todo mundo faz questão de experimentar. Como eu gosto de caipirinha! Como eu sou burro!!!

Sempre tive o sonho de encontrar a mulher perfeita, que me amasse, que amasse em mim tudo o que sou, com meus defeitos, com minhas virtudes, que amasse meu jeito de vestir, meu jeito de falar, meu jeito de amar, que fosse atrás de mim, que me quisesse ao ponto de... nem sei!
Só sei que não queria algúem que me comparasse, que me rotulasse, que me visse como parte do que as pessoas esperam que eu seja.

E como disse que sou burro, é então que se faz planos: Sabe aquele chalé, com aquela lareira, só vocês dois, num final de semana em que um raptasse o outro? Ou aquela transa perfeita em lugares proibidos... Pois é. Planos... Mas é assim mesmo, algumas situações passam mas a busca continua. Depois que acaba? Pode até ser...

Bom a primeira sensação é de alívio, tirar da sua vida algo que sabe que não quer você na mesma intensidade que você a quer. Ter o controle dos seus sentimentos de volta. É como se a gente voltasse a ser criança mas sem a mãe pra regular.
Daí vem a fossa, você sai, ri, tenta esquecer, tenta não pensar que se ela estivesse ali seria mais legal, teria mais graça. E eu bebi, tomava uma pinga, e lembrava que era a bebida preferida dela... Veio o choro, a mágoa, o sofrimento. E eis que você pensa: Fiz a coisa certa, quem ama não maltrata, cuida! Para passar por isso sempre é melhor ficar longe.
E entre brincadeiras e sorrisos forçados, a fossa vai passando... e aos poucos você vai se libertando. Será?

E logo depois vem a saudade. Se começa a perceber que até as coisas chatas tinham sua graça. A carinha dela brava quando a acordava, ou aquele jeito de sabe tudo, alguns arranhões que recebia quando a gente fazia amor, o jeitinho doce e bravo de sentir ciúmes... Saudade... Muita saudade...

O que esperamos do amor, é que dê certo! Depositamos todas as fichas nele... é um jogo perigoso, um jogo de azar, ou você ganha tudo, ou perde tudo. O governo deveria proibir jogos assim! E eu? Bom, construí sonhos, planos em cima de alguém que não me queria de verdade. Perdi tudo, o castelo de areia se desfez. Mas o amor (ou seja lá como for que isso se chame) tem dessas coisas. As vezes até o cupido erra nas escolhas. Ainda bem que tem outro burro na história...

O meu conselho?
Viver ao máximo, todas as experiências, todos os amores. Você pode perder tudo, mas não se esqueça que entre jogos e tetativas, você também pode ganhar. As estatísticas dizem o contrário, mas como eu sou burro, dessa vez vou ignorar os números!

Rafael Paixão

Crônica Registrada

Sobre o amor

Não fui demasiadamente exigente com a vida... Acho até que pedi pouco!!!

Saúde pra dar e vender, um bocado de sucesso e amor. Essa foi (ou é) a trindade que governaria e seria adorada na minha dimensão interior, no meu mundo mais íntimo, enfim era o tangível para as minhas projeções de futuro. Acabei ganhando, na verdade, mais do que pedi, simples assim, mas meu eu adolescente, e cheio de proteções, almejou errado!

Quanto à saúde e ao sucesso não houve segredos: cuidar mesmo que tudo esteja bem e executar tudo com uma excelência perfeita, respectivamente, ou não! É o que tenho em mente e não há simplicidade maior. Quem sabe honestidade, deveras pensativo o assunto. Não! Honestidade não... Meu eu interior não suportaria honestidade e as pessoas que me cercam também tem horror a ela... Ao invés da honestidade preferi salpicadas de mentiras com tendências gigantescas, mas somente em certos casos.

Ah! Agora do amor: amor é multidão em pensamentos e devaneios. Amor é a maior das mentiras supracitadas! Imaginei sentimentos, situações mil, borboletas no estômago, pernas trêmulas, olhares em nuvens. E de todas as situações e possibilidades que um dia tenha eu me perdido em sonhos, nenhuma chegou ao que hoje é o amor que ao longe me pertença e com louvor me entrego. Esse amor foi uma resposta padronizada da vida a um pedido tonto e nada preciso.

Mas, na verdade, amor amor é sortilégio daqueles, que num dia rosa, fizeram doces pedidos a vida.

Rafael Paixão

segunda-feira, 29 de março de 2010

Tem isso escrito por aí

"É verdade: se eu fosse um filósofo de botequim, declararia solenemente que a vida não passa de uma enorme sucessão de acasos e equívocos que a gente nunca consegue corrigir a tempo. O que diabos estou fazendo aqui? é uma pergunta que me ocorre quinze vezes por dia, em qualquer ambiente em que esteja. Costumo fazê-la na surdina, a mim mesmo. A resposta é um silêncio cúmplice. Meu demônio-da-guarda costuma me soprar: Também não tenho a menor ideia. Toca o barco enquanto tento achar uma resposta!"

Geneton Moraes.

domingo, 28 de março de 2010

Sou teu!

Eu sou teu.
E há outro ombro
com outros olhos
e outra boca.

Tenho o mesmo
coração apressado
os mesmos desejos.

Sou teu quando
falo em outros ouvidos,
quanto escuto declarações
obscenas.

Sou teu quando rio
por tudo
e por nada.

Sou teu quando faço
aquelas caretas
de correr em parques
e voar por lugares
incomuns.

Somente por ter
estado juntos.
Somente por um
ter dormido
no braço do outro.

Sou teu
quando não somos mais
aqueles mesmos...
Aqueles agora
são outros.

Rafael Paixão
Poema Registrado

sábado, 27 de março de 2010

Pìada de Mau Gosto

CÂNCER & TOURO:
Os nativos de Touro são
os seus melhores parceiros.
São ambos muito caseiros
e apreciam a boa comida,
a boa qualidade e são muito poupados.
Podem-se fazer
muito felizes um ao outro.
Um relacionamento
deveras duradouro.

ahuauhahuahuahuahuahuahuahuauh

Sobre meninos e meninas, ou pequeno ensaio sobre o amor

Recentemente tenho pensado sobre o assunto das novas constituições de supostos pares românticos... Sou enfático em ressaltar que acredito em costume, cartão de crédito, interesse, sexo, solidão, companhia, tesão, mas duvido do amor!
Sim duvido!
Me dizem às vezes: "mas a sua mãe te ama!"
Respondo: minha mãe me protege, tem um tremendo sentimento de posse sobre mim, cuida de coisas que gosto ou preciso e ela deseja manter as coisas como estão... Nada disso é amor!
Não estou dizendo que ela não me ame, mas nem tudo o que dizem por aí que é amor é de fato esse sentimento, digamos falacioso, ou melhor, falaciado!

Quando as pessoas dizem "amar" as outras, por vezes significa uma superdosagem de egoísto ou ainda uma submedida de confiança... Amor é sentimento dos deuses, e nós, teomorfos que somos, temos a audácia de nos sentir aptos a ter no peito, dentro de um músculo, a capacidade de fazer pelo outro sem esperar nada em troca! Até criamos expressões antagônicas como "amor exigente" que por hora quer dizer que ama mas espera o comportamento correto do pseudo-objeto de devoção.

Ah o amor! O amor é uma dor! Amar deve significar incondicionalidade, ou seja, se fosse possível amar alguém apanharíamos hoje e amanhã, com a aura de um santo acolheríamos o amor lutador com o mais doce beijo, pois "amamos aqueles que mais precisam".

Talvez o que mais precisa seja eu mesmo... Eu vou me amar! Não! EU ME AMO! Mas é verdade que trabalho demais, levo desaforos para casa, saio com pessoas que não valem um saco de pipoca, me esforço por quem nem sabe o meu nome... Como eu me amo loucamente!

Por fim, para não ser sarcástico... Vou preferir o tesão!

Rafael Paixão
Crônica Registrada

Espelho, espelho meu!

Tristeza e pudor;
Angustia e desejo...
Afeto e um frio que queima!

Como fazer com você
se não te ofereces a mim
e me aferrolha?

Estou esperando
num cárcere de dúvidas.
O tempo escorre...

Não tenho mil anos,
quem dera cem...
Só tenho esses anos sem!

Vinde!
Vem depressa
e se doe...

Te quero
para me ter em ti
e sermos prazer.

Espero!
Teria a vida
um espelho?

Rafael Paixão
Poema Registrado

AmOr OrDiNáRiO

A mansidão do amor
me massageia a boca,
tira sua roupa e
te faz uma louca!

Não és moça,
tem coxa com coxa
e como puta
me beija a nuca.

Mas se você vai
eu te puxo... Ai!
Somos assim
e pobre de mim.

Rafael Paixão
Poema Registrado

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Poetas de Vanguarda

A bolha é feita de sei lá
e depois explode com algo,
fazendo com que os caras
fiquem sentindo uma coisa!

Rafael Paixão
Poema Registrado

Onifactorum

Faz lá...
Faz aqui.
Sei não,
mas assim
você
não fará
mais.

Rafael Paixão
Poema Registrado