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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Colóquio Interior

Pergunto: Oi! Que dia é hoje?
Dane-se...
Todos os dias são iguais!
Uns mais próximos do Inverno
e outros mais próximos do Verão.
Todos os dias são iguais.

Diz o Anjo: Não teime nisso!
Entristece-me ao som
da tua expectativa genial
frustrada e violentada.
Todos os dias são diferentes!
Cada dia é um presente...

Diz o Diabo: Mesmo que ninguém
se aperceba disso,
se arraste para essa sua tristeza
desmedida de uma vida mal vivida.
A miséria não procura companhia,
procura justificação para um suicidio aborrecido.

Respondo: Deixa-me em paz,
deixa-me só na minha felicidade de ser sozinho.
Não necessito de ti.
Desculpe, mas você é mais do que inútil.
Crucificas a paciência. Deixa-me aqui,
feliz comigo.

E ele retruca: Procura emendar
a sua triste e patética vida
no tal futuro que ainda se não concretizou.
Mas, entende, o futuro é incerto
e posso dar-lhe o som que melhor me soar.
Talvez um mi bemol...

Replica o Anjo: A opinião dele é só isso: uma opinião!
Terá a sua oportunidade de decidir o som que fará.
O Sol! Se a perder não vão lhe culpar,
não vão lhe responsabilizar.
O som que ganhaste era o dele,
mas ainda tenho a dar o meu: Si bemol.

Insisto: Que dia é hoje? Não quero saber.
É um dia comum em que decidi quem quero ser.
Não sou essa pessoa, que fica para fazê-la menos feliz.
Devia ter vivido tudo quando podia.
Se agora é tarde para ela é cedo ainda para mim.
Sei exatamente que dia é hoje. É o dia do grito da liberdade.

Rafael Paixão
Poema Registrado

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