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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Poeta

O poeta faz
ilusionismo
com palavras.

Expressa
o que não
fala

e esconde
aquilo que é
evidente.

Rafael Paixão
Poema Registrado

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Manipulação

Essas tuas
mãos
sempre foram
a paga
o afeto
a casa
o colo
a asa
o consolo...
Foram
mais:
arte
molde
húmus
beijo
rito
palma
benção
azeite
tapa
bálsamo
azar
perfume
tumulto
discurso
insulto
asco
e censura...

Rafael Paixão
Poema Registrado

Grandes Navegações

foi deste meu
mundo porém
o teu colo
que como
um cabo
de esperanças
em meio
ao nosso inverno
o ponto donde
minha nau
intensa
de planos
fez-se
tormento e
naufrágio

Rafael Paixão
Poema Registrado

Devotar-se

pediste-me devoção
mas as que queria
fazer-te
perderam-se
na névoa
sozinhas de mim
pois eu que
tanto queria
dar-te
minha oferta
lembrei
que em mim
há muito mais
que mereça esta
canção

Rafael Paixão
Poema Registrado

Desejo

quero-te
anseio-te
com chuva caindo
no meu corpo
corro
como louco
faço pouco
do novo
mesmo que verdadeiro
amor febril
e tudo por que
quero-te

quero-te
com brisa afagando
meu rosto
em meio
a umidade
da lágrima
que lembra
da sua doçura
no sorriso
deslumbrando
dos meus olhos
quero-te

Rafael Paixão
Poema Registrado

Algo mais que estrofes

Este poema que te ofereço,
é feito de mágoa e de paixão,
de dor ausente e de martírio meu
e mais que tudo, ele é feito por quem
morreu durante o nascimento do plural.

Este poema que te dou, sou eu, todo eu.
Em horas boas e más, no tempo tolo
da vida, que vivida deste modo
é mágoa, é falta, é desejo suprimido,
é ódio de não estar à tua sombra...

Essa droga, que no momento eu uso,
é muito mais que um poema! É relicário!
É mortalha das minhas lágrimas
e é sudário do meu açoite de saudade
e da minha cruz de solidão!

É muito mais que um poema! Eu já disse!
É confissão dos nossos pecados,
é óleo sagrado, que confirma a mentira,
é extrema-unção pra mim,
morto pelo amor e vivo para sofrer.


Rafael Paixão
Poema Registrado

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Caipiras digitais

Hoje estava eu conversando com uma das minhas confidentes intelectuais, quando me deparei com a definição que é título desse texto. Usei-a inicialmente para expressar o quão arquepitico são essas pessoas que se dizem sertanejas...
Não posso acreditar que em pleno século XXI haja pessoas que efetivamente são adeptos dessa modalidade de vida. E mostro aqui os requisitos básicos de um sertanejo, que passam longe dos arquétipos de fim-de-semana:
- Ser correto nas suas intenções;
- Ser simples;
- Produzir pouco lixo;
- Colaborar realmente com o meio ambiente;
- Produzir bens primários para si e para outros;
- Conviver em hamonia com a natureza;
- Cuidar dos animais (sem ter como intenção última usá-los como troféu na Cavalaria de São Banedito e outros eventos sui generis) dentre outros.
Os caipiras digitais são apenas amantes de letras musicais pobres que expressam pouco sentimento verdadeiro e de melodias ingênuas; gostam de esnobar roupas que os verdadeiros sertanejos não usam; tiram fotos de suas baladas e colocam no Orkut, contam detalhes do último rodeio no twitter; marcam encontros no MSN e por aí vai!
O que tem isso com o estilo sertanejo? O que tem com o estilo sertanejo os cabelos esculpidos das duplas de cantores que atendem a procura dos caipiras digitais do momento?
Enfim, o verdadeiro sertanejo, se é que existe alguém que queira sê-lo, é tarefa árdua em demasia para o estilo confortável de vida dos homens modernos.
Além dos mais parece que nesse país (sudeste e centro-oeste?) querem empurrar-nos um único som brasileiro, ou seja, o que soa sertanejo! Com a produção em série de duplas em Goiás, São Paulo e Minas Gerais, essa onda chegou nas ondas do rádio! Nas festas... e por aí vai!
Trocando em miúdo: segundo alguns caipiras digitais de plantão, para se ganhar dinheiro com rádio só tocando "músicas sertanejas", quero dizer, e que nada têm a ver com música de raiz, genuinamente caipira. Exemplos são vários: Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Inezita Barroso, Sérgio Reis, Almir Sater, Alvarenga e Ranchinho, Tião Carreiro e Pardinho, Milionário e Zé Rico e mais um punhado. Mas estes estão fora da mídia fonográfica. Então, são tocadas nas ondas do rádio as piores espécies da música sertaneja, com raras exceções, obviamente.
Eis aí algo a se pensar:
É de interesse global que a Fazenda Brasilis sane a escasses de alimentos no planeta bola, então o que seria melhor que uma terra sertaneja?
Eu sou a favor da tecnologia e gostaria que uma coisa complementasse a outra!
Quem sabe não seja melhor para todos Fazendas Digitais nas mãos de sertanejos que administrem seus "fardos" por meio de processos de representações discretas digitalizadas?

Rafael Paixão
Crônica Registrada

REPUBLICANDO: Agora eu olho para a história!

Bandeira esfarrapada ao vento,
espada sem fio e cheia de dentes.
O cavalo é manco, ao certo,
e o soldado, coitado, cego!

No cocho: mandacaru.
No coxo: farrapo velho.
No cinto: aperto.
No sinto: esquecimento.

Quem vence pode sempre
comemorar, contar, torturar,
chorar, rir, prender, maltratar,
até matar. Mas nunca olhar!

O olhar trás a verdade,
e junto com ela vem a semente
da revolta dos vitoriosos que
perderam a duras penas
o direito à beleza.
É tudo questão de foco senhor!

Ganhamos territórios!
Mas os que olham vêem lares em chamas.
Causamos muitas baixas!
Mas os que olham vêem as vidas tolhidas.

O bom historiador deve ser cego,
pois olhar faz mal ao rei!
Melhor voltar a trêmula bandeira
e a espada desembainhada.
Pois então grite majestade:
- Ordeno que me tragam um sabugo!


Rafael Paixão
Poema registrado

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ensaio sobre o CASAMENTO por um solteiro...

Ode à liberdade! Deus salve a independência! Viva a autonomia! Brados à auto-suficiência! Eu quero é paixão!

Todas essas expressões definem muito bem o solteiro genérico e igualmente todas elas são antônimas de casamento... O que une duas pessoas, é um sentimento que se chama paixão, fugacidade, vivacidade, sedução, e o meu preferido: tesão!

O casamento serve pra quê?

Enquadramento social? Alienação em massa? Fidelidade? Ou uma forma legal de pegar metade do que o seu parceiro possui? Senti um pingo de sarcasmo! Mas foi uma piada legal...

Pois bem, CASAMENTO assusta! Se eu tenho um relacionamento estável, fixo, sou fiel, sou leal acima de tudo, tenho uma rotina bacana, simples, nada extravagante, nada anormal do que seria uma rotina de um casamento, segue a pergunta óbvia: O que mudaria? Uma aliança dourada no dedo? Pra quê?

E digo mais: O casamento impõe limites! Ele é o ápice da homogênese.

Sou heterogêneo, gosto de ser eu, gosto de ter minhas opiniões, gosto de fazer o que eu quero, gosto de ficar sozinho...

O casamento elimina isso de mim, retira minha individualidade.

OK!Tudo bem! Vamos casar?

Eu na minha casa e você na sua! E tudo de papel passado! A minha é minha e a sua é sua! Negócios a parte...

Hoje vamos dormir onde? Vamos almoçar onde? Vamos transar onde? Na minha casa ou na sua?

Pode ser que eu queira dormir sozinho!

Quero pintar tomando um doze anos... Quero beber a noite escutando sozinho Bach! Preciso criar: jogos, quadros, provas, apostilas, postagens para o blog... Meu, meu! Como diria o Doutor Abobrinha do Castelo Rá-Tim-Bum...

Essa incessante necessidade de individualismo (e retifico; quem não sabe o verdadeiro significado do que é individualismo, que, por favor, pare de ler agora) me faz amar (não sei se a palavra seria exatamente essa) o outro, como o é, com suas manias, com seus hábitos, com seu sorriso...

Não gosto de me sentir consumido, sugado; gosto de saber que ir e vir é uma dádiva que não perderei jamais... Sou um monstro? Seria melhor o suicídio?

Casamento... Bah! O que um amante (aquele que ama) sente, é o suficiente se realmente quer um "viveram felizes para sempre"!

Cada um no seu castelo encantado e vez ou outra... Suba no meu cavalo branco que eu te coloco pra dormir do meu ladinho.

Rafael Paixão

Crônica Registrada

Memórias de um passado breve

Tudo começa do começo. Me lembro como se fosse hoje; a primeira vez com ela...Tudo que a gente faz pela primeira vez tem uma coisa meio mágica, né?

Acho que temos uma insaciável sede por estréias:
A primeira página de um livro.
O primeiro gole de uma bebida.
O primeiro beijo.
A primeira transa.
O primeiro eu te amo.
Mas o bom memso é a estréia no amor (será que é esse o nome?).

Sabe? Aquele friozinho na barriga, vontade de estar junto.
E essa foi a primeira sensação que tive, uma vontade de ficar junto o dia inteiro, uma vontade irresistível... Eu sei que é idiotice minha, principalmente saindo da minha boca, mas os ogros também amam!
E acho que esse é todo o problema. Quando a gente quer algúem, a gente não quer jogos nem brincadeiras e testes, a gente quer de verdade.
E essa sensação de ficar junto, parece meio sessão da tarde acompanhada de pipoca amanteigada, aqueles filmes que a gente chora quando o casal fica junto no final. Mas pra falar a verdade, por um momento eu acreditei que havia chegado ao fim de uma busca eterna. Estava com a pessoa certa!

Engano. Ela provou o contrário! Parecia um livro que tenho: 256 demonstrações do teorema de Pitágoras... Leia: 256 maneiras de fazer o Rafael se sentir um lixo!
Mas o amor é igual caipirinha de buteco, todo mundo sabe que dá dor de cabeça, mas todo mundo faz questão de experimentar. Como eu gosto de caipirinha! Como eu sou burro!!!

Sempre tive o sonho de encontrar a mulher perfeita, que me amasse, que amasse em mim tudo o que sou, com meus defeitos, com minhas virtudes, que amasse meu jeito de vestir, meu jeito de falar, meu jeito de amar, que fosse atrás de mim, que me quisesse ao ponto de... nem sei!
Só sei que não queria algúem que me comparasse, que me rotulasse, que me visse como parte do que as pessoas esperam que eu seja.

E como disse que sou burro, é então que se faz planos: Sabe aquele chalé, com aquela lareira, só vocês dois, num final de semana em que um raptasse o outro? Ou aquela transa perfeita em lugares proibidos... Pois é. Planos... Mas é assim mesmo, algumas situações passam mas a busca continua. Depois que acaba? Pode até ser...

Bom a primeira sensação é de alívio, tirar da sua vida algo que sabe que não quer você na mesma intensidade que você a quer. Ter o controle dos seus sentimentos de volta. É como se a gente voltasse a ser criança mas sem a mãe pra regular.
Daí vem a fossa, você sai, ri, tenta esquecer, tenta não pensar que se ela estivesse ali seria mais legal, teria mais graça. E eu bebi, tomava uma pinga, e lembrava que era a bebida preferida dela... Veio o choro, a mágoa, o sofrimento. E eis que você pensa: Fiz a coisa certa, quem ama não maltrata, cuida! Para passar por isso sempre é melhor ficar longe.
E entre brincadeiras e sorrisos forçados, a fossa vai passando... e aos poucos você vai se libertando. Será?

E logo depois vem a saudade. Se começa a perceber que até as coisas chatas tinham sua graça. A carinha dela brava quando a acordava, ou aquele jeito de sabe tudo, alguns arranhões que recebia quando a gente fazia amor, o jeitinho doce e bravo de sentir ciúmes... Saudade... Muita saudade...

O que esperamos do amor, é que dê certo! Depositamos todas as fichas nele... é um jogo perigoso, um jogo de azar, ou você ganha tudo, ou perde tudo. O governo deveria proibir jogos assim! E eu? Bom, construí sonhos, planos em cima de alguém que não me queria de verdade. Perdi tudo, o castelo de areia se desfez. Mas o amor (ou seja lá como for que isso se chame) tem dessas coisas. As vezes até o cupido erra nas escolhas. Ainda bem que tem outro burro na história...

O meu conselho?
Viver ao máximo, todas as experiências, todos os amores. Você pode perder tudo, mas não se esqueça que entre jogos e tetativas, você também pode ganhar. As estatísticas dizem o contrário, mas como eu sou burro, dessa vez vou ignorar os números!

Rafael Paixão

Crônica Registrada

Sobre o amor

Não fui demasiadamente exigente com a vida... Acho até que pedi pouco!!!

Saúde pra dar e vender, um bocado de sucesso e amor. Essa foi (ou é) a trindade que governaria e seria adorada na minha dimensão interior, no meu mundo mais íntimo, enfim era o tangível para as minhas projeções de futuro. Acabei ganhando, na verdade, mais do que pedi, simples assim, mas meu eu adolescente, e cheio de proteções, almejou errado!

Quanto à saúde e ao sucesso não houve segredos: cuidar mesmo que tudo esteja bem e executar tudo com uma excelência perfeita, respectivamente, ou não! É o que tenho em mente e não há simplicidade maior. Quem sabe honestidade, deveras pensativo o assunto. Não! Honestidade não... Meu eu interior não suportaria honestidade e as pessoas que me cercam também tem horror a ela... Ao invés da honestidade preferi salpicadas de mentiras com tendências gigantescas, mas somente em certos casos.

Ah! Agora do amor: amor é multidão em pensamentos e devaneios. Amor é a maior das mentiras supracitadas! Imaginei sentimentos, situações mil, borboletas no estômago, pernas trêmulas, olhares em nuvens. E de todas as situações e possibilidades que um dia tenha eu me perdido em sonhos, nenhuma chegou ao que hoje é o amor que ao longe me pertença e com louvor me entrego. Esse amor foi uma resposta padronizada da vida a um pedido tonto e nada preciso.

Mas, na verdade, amor amor é sortilégio daqueles, que num dia rosa, fizeram doces pedidos a vida.

Rafael Paixão