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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Caipiras digitais

Hoje estava eu conversando com uma das minhas confidentes intelectuais, quando me deparei com a definição que é título desse texto. Usei-a inicialmente para expressar o quão arquepitico são essas pessoas que se dizem sertanejas...
Não posso acreditar que em pleno século XXI haja pessoas que efetivamente são adeptos dessa modalidade de vida. E mostro aqui os requisitos básicos de um sertanejo, que passam longe dos arquétipos de fim-de-semana:
- Ser correto nas suas intenções;
- Ser simples;
- Produzir pouco lixo;
- Colaborar realmente com o meio ambiente;
- Produzir bens primários para si e para outros;
- Conviver em hamonia com a natureza;
- Cuidar dos animais (sem ter como intenção última usá-los como troféu na Cavalaria de São Banedito e outros eventos sui generis) dentre outros.
Os caipiras digitais são apenas amantes de letras musicais pobres que expressam pouco sentimento verdadeiro e de melodias ingênuas; gostam de esnobar roupas que os verdadeiros sertanejos não usam; tiram fotos de suas baladas e colocam no Orkut, contam detalhes do último rodeio no twitter; marcam encontros no MSN e por aí vai!
O que tem isso com o estilo sertanejo? O que tem com o estilo sertanejo os cabelos esculpidos das duplas de cantores que atendem a procura dos caipiras digitais do momento?
Enfim, o verdadeiro sertanejo, se é que existe alguém que queira sê-lo, é tarefa árdua em demasia para o estilo confortável de vida dos homens modernos.
Além dos mais parece que nesse país (sudeste e centro-oeste?) querem empurrar-nos um único som brasileiro, ou seja, o que soa sertanejo! Com a produção em série de duplas em Goiás, São Paulo e Minas Gerais, essa onda chegou nas ondas do rádio! Nas festas... e por aí vai!
Trocando em miúdo: segundo alguns caipiras digitais de plantão, para se ganhar dinheiro com rádio só tocando "músicas sertanejas", quero dizer, e que nada têm a ver com música de raiz, genuinamente caipira. Exemplos são vários: Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Inezita Barroso, Sérgio Reis, Almir Sater, Alvarenga e Ranchinho, Tião Carreiro e Pardinho, Milionário e Zé Rico e mais um punhado. Mas estes estão fora da mídia fonográfica. Então, são tocadas nas ondas do rádio as piores espécies da música sertaneja, com raras exceções, obviamente.
Eis aí algo a se pensar:
É de interesse global que a Fazenda Brasilis sane a escasses de alimentos no planeta bola, então o que seria melhor que uma terra sertaneja?
Eu sou a favor da tecnologia e gostaria que uma coisa complementasse a outra!
Quem sabe não seja melhor para todos Fazendas Digitais nas mãos de sertanejos que administrem seus "fardos" por meio de processos de representações discretas digitalizadas?

Rafael Paixão
Crônica Registrada

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