Ai Deus! Valei-me!
Portugal se mudou-se.
O Tejo não está mais lá!
Foi levado também.
Não há mais nada trás-dos-montes
e em cima da serra só uma estrela.
Quem pensou nisso tudo?
Alguém requereu a sua herança?
Pobres andorinhas sem praças.
Bem, os pastéis irão pra Belém.
Haverão tantas gemas sem destino!
Se mudou-se... Nudou-se delas!
Ficou roto aos olhos dos outros...
Donde estás? Qual é teu lugar?
Agora, esfacelado, tem um pedaço dado
pra cada canto do mundo. Ai Deus!
Ó Reino Sacro! Império Tropical!
Tu foste global! Transcultural...
Não terão mais canções d'amor,
pois o acordeão rasgou o fole.
Triste será o fardo do teu fado...
Será absorto por tambores!
Ai Deus! Valei-me! Donde estás?
Cadê os bocados continentais?
Até o Açores partiu!
E da Madeira, ó paraíso,
não me sobrou nem o vinho...
Atirarei os calix ao mar.
Douro tu banharás a África?
Ai Minho... Não chores!
O Guadiana desertou e
voltou para a Espanha.
Ai Ria de Aveiro que dor a minha!
Não irei mais comer nem
uma vez, com os pés no Vouga
o teu legítimo tucunaré.
Portugal se mudou-se!
Na Aldeia espalhou-se
e se ditribuiu. Que lindo
ó puta que nos pariu!
Rafael Paixão
Poema Registrado
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