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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Amor aos XXI

Vou desfragmentar você!

Pois ocupa em mim porções

de maneira desordenada.

Onde te coloquei?


Em meu tato há toques

que ainda trazem ar em mim.

Em minha mão eu sinto a sua

e lhe guio. Lhe formo.


Te fiz pra mim. Moldei.

Você até tinha formas

mas as suas janelas

não tinham luz, mesmo

que suas cálidas pálpebras

se abrissem para ver.


Minha língua tem seu gosto

que é doce e feminino.

Enganadas minhas coxas

lhe tateiam, ou melhor, se tateiam,

está ocupada! Você tem outras coxas.

Aqui nós erramos. Aqui o amor supurou.


Eis que cedo aprendi: meu.

Ainda mais cedo, que espanto, você decidiu

e sem dominar os gêneros possessivos

largou a sua terra e passado.


Quanto ao teu rosto

dele eu não me lembro.

Se perdeu por prioridade!

Ele nunca me encantou.


Vou juntar você em mim

e lhe colocar toda em um monte.

Mas ainda hei de guardar aqui

como foi triste nosso caminhar.


Rafael Paixão

Poema registrado